A antiga Fábrica da Cerveja de Faro vai ser um centro artístico ao abrigo de um projeto orçado em 13,4 milhões de euros que inclui a ampliação do museu municipal e a criação de novos edifícios, foi esta sexta-feira anunciado.
Na apresentação do projeto, a vereadora da Câmara de Faro Sophie Matias referiu que a intervenção arquitetónica deverá decorrer em quatro fases, estimando-se que as duas primeiras estejam concluídas até 2027, ano em que Faro poderá ser Capital Europeia da Cultura, caso receba o título.
O projeto prevê a ampliação da área do Museu Municipal de Faro, situado junto à antiga fábrica, criando novas áreas expositivas, assim como a construção de dois novos edifícios e a requalificação do espaço público envolvente, acrescentou a responsável durante a sessão, que decorreu numa das alas da antiga unidade.
Segundo a arquiteta, será construído um novo edifício na retaguarda da fábrica, onde vão ser criadas salas de apoio à produção musical – com a capacidade de se transformarem em outras valências -, e outro na Praça Afonso III, que servirá de apoio na relação entre o Museu Municipal e a Fábrica da Cerveja.
Na primeira fase, está prevista a intervenção na parte do edifício sob gestão direta do município, assim como na zona exterior, com uma estimativa de investimento de 2,1 milhões de euros, a concretizar-se até 2026 ou 2027.
A segunda fase, que deverá decorrer em simultâneo e estar concluída na mesma altura, inclui a criação de um jardim e a construção de dois edifícios de apoio, ao abrigo de um investimento que deverá rondar os 2,6 milhões de euros.
A terceira fase incidirá na parte do edifício atualmente sob gestão da Associação Recreativa e Cultural de Músicos (ARCM), com um investimento a rondar os 3,5 milhões de euros e uma expectativa de concretização até 2027, se Faro arrecadar o título de Capital Europeia da Cultura.
Na quarta fase está prevista a ampliação do Museu Municipal e zonas adjacentes, obra que deverá custar 5,1 milhões de euros e cuja concretização será definida tendo em conta a evolução das fases anteriores.
Na apresentação, o vice-presidente da autarquia, Paulo Santos, sublinhou que o espaço vai manter o nome de Fábrica da Cerveja, garantindo que a identidade do edifício ficará “intacta” e que o objetivo é que este venha a tornar-se num espaço de uso público, dedicado à criação e exibição artística.
“Independentemente de Faro vir a ser capital da cultura, o processo da Fábrica da Cerveja não tem retorno. Queremos que seja, claramente, um farol na área da cultura”, enfatizou o governante, lembrando as “vicissitudes” e os “avanços e recuos de diferentes projetos” que estiveram pensados para aquele espaço.
Situado na Vila Adentro, junto à antiga muralha da capital algarvia, frente à Ria Formosa, o edifício foi construído entre 1930 e 1940 numa zona que começou a ser ocupada por instalações fabris em finais do século XIX, entre as quais uma fábrica de destilação de álcool, entre 1904 e 1935.
Classificado como imóvel de interesse público, o espaço foi adquirido pela Câmara em 1998 e esteve em hasta pública, por duas vezes, numa altura em que a autarquia se debatia com dificuldades financeiras, no entanto – e “felizmente”, segundo Paulo Santos – não apareceram compradores.
Para o espaço daquela antiga fábrica, onde na realidade nunca se produziu cerveja – mas que entre 1968 e 1992 foi ocupado pela sociedade distribuidora de cerveja e vinhos do sul – e que chegou a ser usada como paiol, houve intenções de fazer vários projetos: desde um centro de arte contemporânea a um hotel.
Em 2013, a autarquia decidiu que iria manter o edifício na esfera pública e, atualmente, a única ala do espaço em funcionamento é gerida pela Associação de Músicos, funcionando como um “polo fundamental da cultura na cidade”, concluiu.
O programa estratégico e funcional para a Fábrica da Cerveja foi desenhando pelo município em conjunto com um consórcio liderado por Gonçalo Louro & Cláudia Santos – Arquitetos, Lda. em cooperação com a Opium, Lda. e Pablo Berástegui.