Num tempo em que as ruas eram o principal palco de diversão, as brincadeiras de rua eram uma parte fundamental da infância em Portugal. Hoje, muitos destes jogos caíram no esquecimento, substituídos por tablets e consolas, mas continuam vivos na memória de quem os jogou. Aqui fica uma viagem nostálgica pelos 10 jogos de rua de antigamente.
Ioiô
O ioiô, um dos brinquedos mais antigos do mundo, conquistou gerações. A simplicidade do seu mecanismo – dois discos ligados por um eixo e uma corda – proporcionava diversão sem fim. O desafio era aperfeiçoar truques como o “passeio do cãozinho” ou o “trapézio”, numa demonstração de perícia que deixava amigos e família impressionados. Quem nunca tentou manter o ioiô a subir e a descer incessantemente?
Macaca
Com um pedaço de giz e uma pedrinha, desenhavam-se vários retângulos no chão, dividindo-se as casas da “macaca”. O objetivo era atirar a pedrinha, saltar em pé-coxinho pelas casas sem a pisar e apanhá-la sem perder o equilíbrio. Um jogo simples que desafiava a agilidade e proporcionava horas de diversão. E pensar que, hoje, algo tão simples seria uma verdadeira aula de fitness!
Pião
O pião era outro clássico que exigia destreza. Feito de madeira, com uma ponta metálica e uma corda para o fazer girar, o pião era largado no chão e girava sem parar. O objetivo era mantê-lo dentro de um círculo e derrubar o dos adversários. Este simples brinquedo fez parte da infância de muitos, mas cuidado – tentar rodar o pião em casa podia transformar o chão num campo de batalha para as mães!
Malha
Jogado desde os tempos dos romanos, o jogo da malha envolvia atirar ferraduras ou discos metálicos para derrubar um pino no chão. Popular entre os mais velhos, especialmente em zonas rurais, era um jogo que requeria precisão e alguma força. No entanto, o termo “achincalhar”, associado a este passatempo, ganhou conotação negativa ao longo dos anos, refletindo a visão das classes sociais mais altas sobre este divertimento popular.
Escondidas
Quem nunca jogou às escondidas? Este clássico envolvia correr, procurar e, claro, tentar não ser apanhado. Um jogador contava até 100, enquanto os outros procuravam o melhor esconderijo. Quando a contagem terminava, anunciava-se com um sonoro “Aí vou eu!”, iniciando-se a caçada. O objetivo era alcançar o local de contagem sem ser visto, o que resultava num vitorioso “1, 2, 3 salvo!” – ou, para os mais generosos, “salvo todos”.
Salto ao Eixo
Este jogo, muitas vezes praticado em aulas de ginástica, consistia em saltar por cima de um colega dobrado, apoiado nos joelhos e com as mãos nas pernas. Era necessário um mínimo de agilidade para evitar tropeções e quedas, mas fazia as delícias das crianças. Claro, o “eixo humano” rezava sempre para que quem saltasse não fosse demasiado desajeitado.
Saltar ao Elástico
Principalmente jogado por meninas, o saltar ao elástico envolvia dois “postes” humanos segurando um elástico entre os tornozelos, enquanto a terceira jogadora saltava ao ritmo de “1, 2, 3”. À medida que o elástico subia – dos tornozelos para os joelhos, depois para as coxas –, o desafio aumentava. Este jogo simples exigia coordenação e resistência, e era muitas vezes acompanhado de rimas e cantilenas.
Sirumba
Também conhecido como “polícias e ladrões”, a Sirumba envolvia desenhar um retângulo com quadrados no chão. Os polícias só podiam circular pelos corredores e tinham de apanhar os ladrões, que saltavam de quadrado em quadrado. O primeiro ladrão a completar o percurso e voltar ao início gritava “Sirumba” e ganhava o jogo.
Berlinde
Com uma coleção de berlindes coloridos e brilhantes, as crianças competiam para ver quem conseguia acertar nos berlindes dos adversários e ganhar o maior número de “tesouros”. O jogo das “três covinhas” era um dos mais populares: o objetivo era lançar o berlinde para uma pequena cova no chão. Se conseguisse completar o percurso sem erros, o jogador tinha o direito de alvejar os berlindes dos outros.
Jogo do Mata
Sem grandes complicações, o jogo do mata era jogado com uma bola e muitos participantes. O objetivo? Acertar nos adversários com a bola para os “eliminar”. Se um jogador fosse atingido, estava fora do jogo, e quem conseguia escapar, vencia. Este jogo era a oportunidade perfeita para descarregar energia, e claro, havia sempre aquele colega que gostava de lançar a bola com mais força do que o necessário.
Estes jogos de rua, simples e sem a tecnologia dos tempos modernos, trazem recordações de um tempo em que as ruas eram o palco principal das brincadeiras, como relembra o NCultura. Hoje, com o avanço da tecnologia e mudanças no estilo de vida, muitos destes jogos de rua estão quase esquecidos, mas continuam a fazer parte da herança cultural e da memória coletiva das gerações que os viveram.
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