A condução representa um fator importante de mobilidade, independência e autonomia, especialmente para pessoas em idade avançada. No entanto, a decisão de obter a carta de condução numa fase mais tardia da vida ainda levanta dúvidas, tanto sobre a viabilidade do processo como sobre a segurança dos condutores seniores.
Para esclarecer estas questões, falámos com o Dr. Alberto Maurício, psicólogo e especialista na avaliação e reabilitação psicológica de condutores.
O especialista explicou que não existe um limite de idade para tirar a carta, desde que sejam garantidas as condições físicas e mentais necessárias para uma condução segura.
A idade é um fator limitador para tirar a carta de condução?
“A idade avançada, só por si, não impede ninguém de obter a carta de condução, desde que o candidato consiga comprovar aptidão física, mental e psicológica”, afirma o Dr. Alberto Maurício, ao Notícias ao Minuto.
Porém, com o envelhecimento, ocorre um declínio gradual das funções cognitivas e motoras, podendo afetar:
- Reflexos e tempo de reação;
- Capacidade de processar informação visual e auditiva;
- Coordenação motora e força muscular;
- Tomada de decisões em tempo real.
Estes fatores podem dificultar a aprendizagem da condução e, em alguns casos, comprometer a segurança do condutor e dos outros utentes da estrada.
Ainda assim, o especialista destaca que não há uma idade específica para deixar de conduzir e que muitos condutores seniores continuam aptos durante anos.
A importância da mobilidade na terceira idade
A mobilidade e a capacidade de conduzir são fatores essenciais para o bem-estar e qualidade de vida dos idosos.
A história da avó Lena, que decidiu tirar a carta aos 62 anos, tornou-se um exemplo inspirador da importância da condução para a independência na terceira idade.
“Para muitos seniores, conduzir é a única forma de manter uma vida ativa, seja para deslocações pessoais, consultas médicas ou atividades sociais. Perder esta capacidade pode levar ao isolamento e afetar o bem-estar emocional e físico”, explica o Dr. Maurício.
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Como é feita a avaliação da aptidão para conduzir?
Para obter ou revalidar a carta de condução, os candidatos passam por uma avaliação médica obrigatória, onde são analisados fatores como:
- Capacidade visual e auditiva;
- Força e mobilidade dos membros;
- Histórico de doenças cardiovasculares, diabetes ou condições neurológicas;
- Uso de medicamentos que possam afetar a condução.
Quando existem dúvidas sobre a capacidade de condução, pode ser solicitada uma avaliação psicológica especializada, para analisar funções cognitivas, tempo de reação e capacidade de tomada de decisões ao volante.
Nos casos em que são detetadas limitações, a carta de condução pode ser sujeita a restrições, como:
- Limitação a trajetos curtos e conhecidos;
- Proibição de conduzir à noite ou em autoestradas;
- Obrigação de revisões médicas mais frequentes.
Como comunicar a um condutor sénior que já não está apto?
Perder a capacidade de conduzir pode ser emocionalmente desafiante para uma pessoa idosa. Segundo o especialista, é essencial abordar este tema com sensibilidade e empatia, garantindo que a pessoa compreende os riscos envolvidos e apresentando alternativas, como:
- Apoio familiar para deslocações;
- Utilização de transportes públicos;
- Serviços de transporte privado e entregas ao domicílio.
“As avaliações médicas e psicológicas são fundamentais para garantir que os condutores seniores mantêm uma condução segura pelo maior tempo possível, sem comprometer a sua segurança e a dos outros”, reforça o Dr. Maurício.
Conclusão
Tirar a carta de condução aos 63 anos não só é possível como pode ser altamente benéfico, desde que a pessoa cumpra os requisitos médicos e psicológicos exigidos por lei.
Não existe uma idade limite para conduzir, sendo essencial avaliar caso a caso e garantir que os condutores mais velhos têm as condições necessárias para uma condução segura e responsável.
No entanto, quando as capacidades motoras e cognitivas começam a falhar, é importante considerar alternativas de mobilidade, para que a pessoa possa manter a sua independência e qualidade de vida.
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