Os empregadores que violarem a privacidade do trabalhador em teletrabalho vão incorrer numa contraordenação grave ou muito grave, consoante a situação, segundo uma proposta de alteração do PS aprovada hoje na especialidade.
A nova regra foi incluída durante a ratificação, na Comissão do Trabalho e Segurança Social, das votações indiciárias feitas pelo grupo de trabalho na terça e quarta-feira da regulamentação do teletrabalho, cuja votação final global está prevista para sexta-feira.
De acordo com a proposta dos socialistas, constitui “contraordenação muito grave” a captura e utilização de imagem, de som, de escrita, de histórico, ou o recurso a outros meios de controlo que possam afetar o direito à privacidade do trabalhador.
Esta alteração foi aprovada com os votos favoráveis do PS, BE e PCP, a abstenção do PSD e o voto contra do CDS.
Por sua vez, passou a constituir “contraordenação grave” a violação da privacidade do trabalhador, do horário de trabalho e dos tempos de descanso e de repouso da família deste, “bem como proporcionar-lhe boas condições de trabalho, tanto do ponto de vista físico como psíquico”.
Também incorre em “contraordenação grave” o empregador que não respeite o aviso prévio de 24 horas para visitar o trabalhador que exerce funções no seu domicílio.
O PS avançou ainda com uma proposta de alteração relativa ao alargamento do direito ao teletrabalho aos cuidadores informais, clarificando que nestas situações estão abrangidas as microempresas, ao contrário do que está previsto para os trabalhadores com filhos pequenos.
O deputado do BE José Soeiro questionou o PS sobre esta alteração, com o socialista Tiago Barbosa Ribeiro a responder que foi por “opção política”.
José Soeiro disse ser “difícil de compreender” porque motivo o PS decidiu manter então a exclusão do direito ao teletrabalho sem acordo para os trabalhadores das microempresas com filhos pequenos.
“Somos contra retirar esse direito aos trabalhadores das microempresas”, disse Soeiro, que votou contra esta norma, assim como o PCP, com a deputada Diana Ferreira a falar em “discriminação para os trabalhadores das microempresas”.