Trezentos estudantes ucranianos fugidos da guerra estão inscritos oficialmente nas escolas portuguesas, e estão “a chegar mais”, segundo um balanço feito hoje pelo ministro da Educação.
Tiago Brandão Rodrigues falava em conferência de imprensa, na qual explicou os principais resultados de uma reunião de ministros da Educação da União Europeia e na qual participou também o ministro da Educação da Ucrânia, país invadido pela Rússia em 24 de fevereiro.
A guerra na Ucrânia, disse Tiago Brandão Rodrigues, já fez fugir do país 1,5 milhões de estudantes, a maior parte neste momento em países vizinhos.
Na reunião com os ministros da União Europeia (UE), por videoconferência, o ministro ucraniano falou da importância da condenação da invasão russa por parte dos Estados membros da UE e da importância da ajuda à Ucrânia, também no setor da educação.
Tiago Brandão Rodrigues disse que saíram do país 1,5 milhões de crianças, mas que permanecem no país mais seis milhões em idade escolar, pelo que a Ucrânia está a tentar reativar o sistema de ensino, seja presencialmente em zonas de não conflito, seja online em regiões sujeitas a ataques russos.
De acordo com o ministro português, a Comissão Europeia vai constituir uma ‘task force’ de alto nível, com reuniões semanais, para definir formas de ajuda ao sistema de ensino na Ucrânia, mas também formas de apoio aos que fogem do país. Segundo a Comissão há mecanismos europeus de financiamento que podem ser usados para estas medidas de apoio, disse Tiago Brandão Rodrigues.
O ministro salientou a importância de a UE trabalhar a uma “só voz” na inclusão dos jovens estudantes ucranianos e recordou que Portugal é dos países da UE que menos estudantes recebeu, até por ser o país do grupo dos 27 mais distante da Ucrânia.
Questionado pelos jornalistas, o ministro disse que as escolas portuguesas (algumas até com aulas de ucraniano) estão preparadas para receber os alunos refugiados, preparando-os para uma primeira aproximação à língua portuguesa para que depois, paulatinamente, entrem no currículo geral.
Todos os alunos ucranianos beneficiam da ação social escolar, com todos os benefícios, disse o ministro, acrescentando que o setor social e solidário também está “a trabalhar” para uma resposta em relação a crianças mais novas, para que possam frequentar creches.
A videoconferência, informal, dos ministros da Educação serviu para os ministros discutirem uma resposta coordenada da UE à guerra na Ucrânia em matéria de educação.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.