Três meses após a audaciosa fuga do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, a Polícia Judiciária (PJ) já conseguiu recapturar três dos cinco reclusos que escaparam. Entre os detidos estão os portugueses Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Loureiro, bem como o georgiano Shergili Farjiani. Ainda em fuga permanecem o argentino Rodolf José Lohrmann e o britânico Mark Cameron Roscaleer. Mas quem são estes fugitivos e que crimes os levaram a ser condenados? Saiba tudo neste artigo que conta com a colaboração do Notícias ao Minuto.
A fuga
A 7 de setembro, cinco reclusos fugitivos aproveitaram uma falha de segurança e escaparam do estabelecimento prisional, subindo o muro com recurso a uma escada fornecida por cúmplices no exterior. A operação surpreendeu as autoridades e desencadeou uma vasta investigação, envolvendo forças de segurança nacionais e internacionais.
Os reclusos tinham idades entre 33 e 61 anos e cumpriam penas por crimes graves, como tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais. As suas condenações variavam entre sete e 25 anos de prisão.
Quem já foi detido?
Fábio Loureiro (34 anos)
O primeiro fugitivo a ser recapturado foi o português Fábio Loureiro, detido a 6 de outubro em Tânger, Marrocos. A investigação revelou que a sua namorada, vigiada pela PJ, o visitou na cidade marroquina, o que levou à sua localização.
Fábio Loureiro cumpria uma pena de 25 anos por crimes como rapto, tráfico de droga, associação criminosa e roubo à mão armada. Foi transferido para Vale de Judeus em março de 2023, vindo do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz.
Fernando Ribeiro Ferreira (61 anos)
Mais de um mês depois, a 22 de novembro, foi recapturado Fernando Ribeiro Ferreira, o segundo dos fugitivos, numa pequena aldeia de Trás-os-Montes. Apesar de tentar fugir quando abordado pelas autoridades, foi rapidamente detido. No momento da detenção, estava sozinho e tinha na sua posse uma arma com silenciador e equipamentos tecnológicos para comunicação discreta.
Conhecido por uma “extensa carreira criminal”, Fernando Ribeiro Ferreira cumpria 24 anos de prisão por 11 condenações, incluindo associação criminosa, homicídio, rapto, tráfico de droga e posse de arma proibida.
Shergili Farjiani (40 anos)
O terceiro fugitivo recapturado foi Shergili Farjiani, de nacionalidade georgiana. Detido em Pádua, no norte de Itália, a operação contou com um trabalho de investigação internacional coordenado pela PJ. Farjiani cumpria uma pena de sete anos por crimes como furto violento e falsificação de documentos, após ser transferido do Estabelecimento Prisional do Porto.
Quem continua em fuga?
Rodolf José Lohrmann (59 anos)
De nacionalidade argentina, Lohrmann foi condenado a 18 anos e 10 meses de prisão por crimes como associação criminosa, furto e falsificação. Transferido do Estabelecimento Prisional de Monsanto para Vale de Judeus em março de 2024, continua desaparecido.
Mark Cameron Roscaleer (35 anos)
Natural do Reino Unido, Roscaleer foi condenado a nove anos de prisão por roubo e sequestro. Tal como Lohrmann, foi transferido de Monsanto para Vale de Judeus em 2020 e permanece em paradeiro desconhecido.
Medidas após a fuga
A fuga expôs falhas graves no sistema prisional, levando o Ministério da Justiça a instaurar nove processos disciplinares contra o ex-diretor, o chefe da guarda e sete guardas prisionais. Adicionalmente, foram abertos inquéritos para apurar responsabilidades de militares da GNR e funcionários da Direção dos Serviços de Segurança.
O caso também suscitou um debate público sobre a segurança nos estabelecimentos prisionais e a necessidade de modernização dos sistemas de vigilância e controlo.
O desafio continua
Enquanto três dos cinco evadidos já foram recapturados, as autoridades continuam os esforços para localizar os restantes fugitivos. A fuga de Vale de Judeus não só abalou a confiança no sistema prisional, como revelou a necessidade de maior cooperação internacional para combater redes criminosas que operam além-fronteiras. O desfecho deste caso será, sem dúvida, um marco na forma como Portugal encara a segurança e a gestão do sistema penitenciário.
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