Certa manhã no decurso de uma conversa entre animais humanos de diferentes áreas de interesses, tomamos consciência do uso de animais como mascotes em inúmeras actividades, desde os desportos às marcas e logótipos de empresas.
As mascotes são usadas desde os primórdios da existência terrestre sob o pressuposto de que atrairão sorte para o grupo que com elas se pretende identificar. São embaixadores da boa vontade numa dada comunidade ou grupo
Etimologicamente, o termo deriva do vocábulo francês “mascotte” que significa precisamente amuleto. Foi o compositor francês Edmond Audranwho que popularizou a palavra no século XIX, ao escrever a ópera La Mascotte.
Antes do século dezanove as mascotes eram habitualmente associadas a objectos inanimados mas a partir de então e até à presente era, o termo tem vindo a ser exponencialmente associado com animais não humanos, pensados como trazendo boa sorte.
Grassa no mundo das tecnologias informáticas, mormente em fontes abertas, o uso de animais não humanos como mascotes.
Usamos tais softwares e até os apelidamos pelos nomes dos animais que os simbolizam. Quem nunca chamou raposa ao firefox? Quem não pensa no pinguim ao falar no Linux? Associamos de imediato os passarinhos palradores ao twitter… os elefantes azuis ao PHP…
Noutras áreas de actuação, quem nunca associou o ninho à Nestlé, o crocodilo à Lacoste ou o cavalo aos CTT? São inúmeros e variados os exemplos.
Quer-nos parecer que o uso de animais ou de uma sua representação gráfica ou icónica assevera o sucesso do produto a que se pretende associar e isto, em larga medida, estará certamente relacionado com motivos antropológicos e culturais.
Associamos os animais não humanos às suas características intrínsecas e mais óbvias e, nessa medida, as marcas usam um determinado desses animais como logótipo ou imagem de marca, consoante a mensagem que pretendem passar.
Mas a evolução tem-nos vindo a demonstrar que a mais profícua e eficiente associação é feita com animais não humanos de características como a ternura e a sensibilidade e o amor.
Repare-se no ninho da Nestlé, cuja imagem apela apela ao amor associado ao cuidar das crias, em produtos que se destinam precisamente aos humanos mais pequenos.
O uso de animais não humanos em imagens ou imagética dos animais humanos é milenar e milenar é também a harmoniosa convivência entre os dois grupos.
Sempre convivemos em harmonia mas o desenvolvimento desarmonizou-nos.
A sensação do domínio pela força levou os animais humanos a cometerem as maiores atrocidades contra os seus companheiros de existência terrestre, violência essa que ainda hoje perdura. Onde antes se caçava um animal com o fito de se alimentar, hoje criam-se animais apenas com esse fito, animais que sentem, que sofrem e que passam toda a uma vida olvidados, apenas a serem alimentados para depois serem mortos e vendidos para alimentação humana (e não só). Mas se isso não bastasse, são ainda mal tratados…
Quedemo-nos ainda um pouco nas touradas… se nos animais para alimentação ainda se pode vislumbrar alguma utilidade (a que não corresponde obviamente qualquer necessidade de os manter em vida sempre em sofrimento tal como tem vindo a ser público), que utilidade se pode retirar das touradas? É pura e simplesmente o gáudio incutido de ver pessoas a magoarem touros, o que não traz qualquer mais valia às pessoas, a não ser a exponenciação da normalidade da violência contra os animais não humanos.
Apesar de não nos agradar uma sociedade de consumo rápido, preferimos os passarinhos palradores do Twitter…
Tratemos os animais não humanos com a dignidade que merecem!