A Rússia bloqueou um pedido do Conselho de Segurança da ONU de “investigações independentes” sobre um alegado massacre de centenas de civis em Moura, Mali, pelo exército deste país e por paramilitares russos, informaram fontes diplomáticas.
O pedido constava de um comunicado elaborado pela França e que foi submetido à aprovação do Conselho de Segurança, na sexta-feira.
Apoiada pela China, a Rússia bloqueou a declaração francesa, de acordo com várias fontes diplomáticas ouvidas pela agência France Presse.
Moscovo e Pequim “não viram a necessidade” do texto, considerando-o “prematuro”, quando uma investigação foi aberta pelas autoridades do Mali.
Na sexta-feira, num comunicado, o ministério russo dos Negócios Estrangeiros felicitou o Mali por uma “importante vitória” contra o “terrorismo”, descrevendo como “desinformação” as alegações do massacre de civis pelas forças malianas, e rejeitando a hipótese do envolvimento de mercenários russos da empresa privada Wagner.
DECLARAÇÃO
A declaração proposta ao Conselho de Segurança sublinhava a “profunda preocupação” dos seus membros “com as alegações de violações e abusos dos direitos humanos no Mali, em particular os alegadamente perpetrados contra civis em Moura, na região de Mopti, entre 27 e 31 de março de 2022”.
O texto pedia ainda a “todas as partes (…) que ponham de imediato fim a essas violações e abusos, cumprindo as suas obrigações sob o direito internacional aplicável”.
O documento, entretanto rejeitado pela Rússia, também solicitava “investigações aprofundadas e independentes para estabelecer os factos, encontrar os responsáveis pelas violações e abusos e levá-los à justiça”.
Sexta-feira, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, questionou a versão das autoridades malianas sobre os acontecimentos de Moura e pediu uma “investigação das Nações Unidas”.
HUMAN RIGHTS WATCH FALA EM EXECUÇÃO SUMÁRIA DE 300 CIVIS
Num recente relatório, a organização Human Rights Watch relatou a execução sumária de 300 civis por soldados malianos associados a mercenários estrangeiros entre 27 e 31 de março, em Moura.
As autoridades malianas alegam, por sua vez, terem “neutralizado” 203 ‘jihadistas’ nesta localidade do centro do Mali, onde a ONU há mais de uma semana que pede autorização para fazer investigações no terreno, ao abrigo do mandato definido pelo Conselho de Segurança.