“Uma sandes, uma peça de fruta e uma garrafa de água. Foi a refeição dada aos bombeiros que combatem o incêndio de Mação”, era assim que o site Vida de Bombeiros e a comunicação em geral fazia eco de um drama que continua a gerar grandes discussões.

Nas redes sociais, começaram a surgir testemunhos de bombeiros que lamentam as refeições que lhes têm sido fornecidas nos teatros de operações.
Numa publicação na rede social Facebook, Fábio Manuel Pelica, elemento dos Bombeiros Municipais de Coruche, partilha a imagem do lanche que lhe fizeram chegar após uma noite de combate a incêndios, composto por uma sandes, uma peça de fruta e uma garrafa de água.
Em jeito de “desabafo”, lamenta o bombeiro que deixa “a família, o conforto da casa, arrisca a vida” a defender aquilo que não lhe pertence. Mais ainda. “Sai de casa a correr sem jantar sequer”, passa “a noite inteira a combater as chamas” e o que lhe dão “para comer é somente isto”.
Mas este não é caso único. Outra publicação, desta vez de Fernando Risso, dá igualmente conta de uma situação idêntica. Um saco com uma sandes e uma garrafa de água podem ser vistos na imagem.
Perante a lamentação dos operacionais e dos seus familiares, a Proteção Civil veio admitir “falhas temporárias” perante o silêncio inicial do Ministério da Administração Interna.

Mas também ouve testemunhos de indignação contra a publicação da foto. A mulher de um bombeiro, Sandra Carvalho, referindo-se ao esforço solidário que ela e muitos mais fizeram “para ajudar a fazer esse saco” lamenta que “o nosso esforço (…) seja derrubado com uma foto.
Menu de luxo na Assembleia da República
Dos milhares de comentários e partilhas, à coação é referido o “Menu de luxo na Assembleia da República” que em 2012 fez título no Correio da Manhã:
“Perdiz, porco preto alimentado a bolota e lebre são alguns dos produtos exigidos pelo Caderno de Encargos do concurso público para fornecer refeições e explorar as cafetarias do Parlamento.
Das exigências para a confecção das ementas de deputados e funcionários constam ainda pratos com bacalhau do Atlântico, pombo torcaz e rola, de acordo com o documento a que o CM teve ontem acesso. O café a fornecer deverá ser de “1ª qualidade” e os candidatos ao concurso têm ainda de oferecer quatro opções de whisky de 20 anos e oito de licores. No vinho, são exigidas 12 variedades de Verde e 15 de tintos alentejanos e do Douro.
É também especificado que o mesmo prato não deve ser repetido num prazo de duas semanas. O Caderno de Encargos do concurso, que termina em Junho, estabelece que a qualidade dos produtos vale 50%, o preço 30% e a manutenção 20%”.

Polígrafo SIC fala em “Pimenta na língua”
Em maio deste ano, o Polígrafo SIC concluía que, de facto, os preços praticados na “Casa da Democracia” estão muito abaixo dos que são praticados no “mercado”.
No entanto, a sua avaliação refere que “os valores mencionados nos memes que circulam não correspondem à verdade” e classifica-os com “Pimenta na língua”.