Gabriela Gomes, matemática portuguesa especialista em epidemiologia na Escola Superior de Medicina Tropical de Liverpool, em Inglaterra fala de uma possível segunda vaga do novo coronavírus no nosso país.
Segundo o modelo epidémico aplicado nesta previsão, caso as medidas de contenção se mantenham até junho, a segunda vaga em Portugal acontecerá no final de agosto, e é provável que se prolongue até fim de outubro.
A especialista diz que “Quando terminarem as medidas de contenção, cerca de um mês mais tarde, temos a segunda onda a crescer”. A verdade, é que estes cálculos não são animadores, para um país que quer voltar à liberdade e acredita que “vai ficar tudo bem”.
A previsão faz parte de um estudo que tem sido desenvolvido por uma equipa de cientistas liderado pela portuguesa, e que acompanha a evolução da pandemia causada pela covid-19. A investigação deixa claro que, em Portugal, será muito difícil evitar um segundo surto da doença.
Mas afinal, porque o nosso país terá uma segunda vaga da doença? Gabriela Gomes garante que “nós para evitarmos futuras ondas, temos de ter imunidade suficiente na população para que o vírus não se consiga propagar acima de um determinado limiar”, diz a matemática à TVI.
Se o vírus regressar, será, contudo, em menor escala. Os dados do Instituto Ricardo Jorge apontam que entre 1 e 2% da população esteja imune ao vírus, apesar do valor não ser suficiente para evitar a segunda vaga da doença. “Os modelos mais clássicos apontam para 60% a 70% da população, de acordo com os meus modelos, a imunidade de grupo só exige 10 a 15% da população infetada”.
Deste modo, podemos concluir que caso Portugal tivesse mais casos de infeção, como Itália ou Espanha, talvez conseguíssemos evitar a segunda vaga, uma vez que mais população estaria imune.
A sugestão desta especialista diz que, depois de aliviarmos as medidas, esperamos mais um mês e a curva voltará a subir. Nesse momento, devemos apertar de novo as medidas e fazer a curva baixar. Deste modo, estaremos a imunizar a população e conseguiremos manter a capacidade do Serviço Nacional de Saúde.
Como também já afirmaram Graça Freitas e Marta Temido, temos de aprender a conviver com o vírus e manter as medidas de contenção. Distanciamento social e máscaras entrarão na nossa vida, que se tornará um pouco mais “normal” que agora. É viver um dia de cada vez.
Portugal registava esta quinta-feira 820 mortos associados à covid-19, mais 35 do que na quarta-feira, e 22.353 infetados (mais 371), indica o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
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