Oiço muitas vezes cuidadores e protetores de animais proferirem a seguinte frase: “todos os animais são bonitos, desde os de raça aos rafeiros”! Perdoem-me, pois não compartilho da mesma opinião!!!
Como posso comparar um Encantador Golden Retriever ou um caricato Spitz Alemão a um cão sem raça definida (SRD), com o pêlo descuidado e áspero, olhar vivaço e cheio de personalidade, possivelmente com uma orelha partida (no mínimo), manco ou com menos um membro?!
Já o memorável clássico da Disney “A Dama e o Vagabundo” espelha, perfeitamente, esta realidade e aquele que costuma ser o destino (aparentemente) dos bonitinhos e dos feios… vá, vou proferir menos estéticos, para não ferir susceptibilidades.
Poderão existir diversas motivações para a compra de animais: o seu aspeto, a personalidade da raça, o fator social ou hierárquico, o fator moda, entre outros, porém, o motivo que parece destacar-se de todos os outros é, sem sombra de dúvida, o fator desconhecimento de causa.
A grande maioria das pessoas desconhece a origem das ninhadas e, apesar de existirem, criadores sérios e responsáveis, o negócio rentável por detrás de todo este processo leva-nos a um mundo obscuro de exploração animal, com um exponencial em matéria de situações de maus tratos proferidos aos progenitores que são, muitas vezes, condenados a procriarem desmedidamente e a viverem toda a sua vida confinados a espaços minúsculos onde, ao mesmo tempo, alimentam-se e dormem sobre os seus próprios dejetos.
E se tudo isto não constituir incentivo suficiente para a adoção, volto a evidenciar o fator estético: imagine-se um mundo onde só existia a perfeição absoluta e a qual não seríamos capazes de reconhecer por não existirem agentes de comparação. A beleza manifesta-se, constantemente, nas pequenas imperfeições que cada um possui e, com isto, remeto-me aos menos estéticos e aos quais já há algum tempo me rendi em absoluto pela sua singularidade! É incrível a facilidade com que nos podemos perder completamente de amores pela sua figura única, diferente, desajeitada e não menos impressionante que os ditos de raça.
Por isso, na hora de incluir um novo membro à sua família arrisque e escolha aquele animal que apenas aguarda uma oportunidade de ser aceite e de a/o amar incondicionalmente e até que a morte vos separe!
(CM)