O presidente ucraniano acusou esta noite as forças russas de impedir a entrada de apoio humanitário em Mariupol com o objetivo de “esconder o que está a acontecer lá”.
“A Rússia”, disse, “não quer que nada se veja até que tomem controlo da cidade e a possam limpar. Mariupol é um inferno neste momento, milhares foram mortos ou feridos. O número sobe a cada dia. Estão a tentar encobrir a situação”.
Mais de cinco mil civis podem ter sido mortos na cidade portuária cercada de Mariupol, segundo o presidente da Câmara Municipal. Vadym Boichenko disse que, dos mais de cinco mil civis mortos, 210 eram crianças.
As forças russas bombardearam hospitais, incluindo uma unidade hospitalar onde 50 pessoas morreram queimadas. Mais de 90% das infraestruturas da cidade foram destruídas pela Rússia e pelo menos 40% “não é recuperável”.
Aumento dos combates impede ajuda humanitária
O porta-voz do secretário-geral da ONU disse que o aumento dos confrontos na Ucrânia está a impedir que a ajuda humanitária chegue aos mais necessitados.
“Recebemos relatos de aumento de combates, bombardeamentos e confrontos na região de Donbass, no leste, bem como nas províncias do sul da Ucrânia. Os confrontos continuam a afetar áreas residenciais e a danificar infraestruturas importantes”, alertou, na quarta-feira, Stéphane Dujarric.
Isso “impede que as pessoas presas nas cidades cercadas tenham acesso a mantimentos vitais ou possam retirar-se em segurança”, disse o porta-voz, que acrescentou que a entrega de ajuda humanitária está a ser limitada em diferentes partes da Ucrânia.
“Mariupol, Kherson, Mikolaiv e partes das províncias de Lugansk e Donetsk são as áreas mais afetadas. Em Mikolaiv, os bombardeamentos danificaram um hospital infantil, um orfanato e um centro de oncologia há dois dias”, disse.
Onze corpos encontrados numa garagem em Gostomel
O ex-ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, disse na quarta-feira à noite que onze corpos, alegadamente mortos por tropas russas, foram encontrados numa garagem em Gostomel, nos arredores de Kiev, capital da Ucrânia.
“Em Gostomel, perto de Bucha, numa das garagens da rua Svyatopokrovskaya, a polícia encontrou onze civis mortos. Os moradores dizem que os atiradores dispararam sobre as pessoas e depois colocaram os mortos na garagem”, disse Avakov num comunicado, citado pelo jornal ucraniano ‘Ukrayinska Pravda’.
O controlo de Gostomel, a noroeste de Kiev, com um aeródromo nas proximidades, foi alvo de fortes combates desde o início da guerra. As tropas ucranianas recuperaram esta semana o controle de Gostomel e das cidades vizinhas de Bucha e Irpin, após a retirada russa.
O chefe da administração militar de Gostomel, Taras Dumenko, disse na terça-feira que mais de 400 pessoas estão dadas como desaparecidas na cidade, depois de 35 dias de ocupação por parte de tropas russas.
Um resumo da noite passada
► Os EUA assumiram um novo compromisso de fornecimento de mísseis Javelin a Kiev, o que significa que o Ocidente em breve terá fornecido aos caças ucranianos dez armas antitanque por cada tanque russo naquele país. Também segundo a Defesa norte-americana, os ataques a civis levados a cabo pelas forças russas na cidade ucraniana de Bucha “parecem ser premeditados”.
► O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken afirmou que os EUA vão impor sanções contra as filhos do Presidente russo e outras autoridades do país, bem como aos seus familiares, como é o caso da mulher e filho adulto do ministro dos Negócios Estrangeiros, Lavrov, e 21 membros do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, incluindo o ex-Presidente Medvedev.
► Mais de cinco mil civis foram mortos na cidade portuária cercada de Mariupol, segundo o presidente da Câmara Municipal. Vadym Boichenko disse que, dos mais de cinco mil civis mortos, 210 eram crianças. As forças russas bombardearam hospitais, incluindo uma unidade hospitalar onde 50 pessoas morreram queimadas. Mais de 90% das infraestruturas da cidade foram destruídas pela Rússia e pelo menos 40% “não é recuperável”.
► Os membros da Agência Internacional de Energia decidiram libertar 120 milhões de barris de petróleo das suas reservas estratégicas, para combater a volatilidade de preços causada pela guerra na Ucrânia.
► Segundo os EUA, as forças russas retiraram-se totalmente dos arredores de Kiev e Chernihiv;
► As autoridades ucranianas começaram a evacuar preventivamente duas cidades na região de Kharkiv em antecipação da escalada do conflito no leste do país. Há relatos de bombardeamentos em bairros residenciais de Luhansk e num depósito de combustível e estação ferroviária de Kharkiv;
► Desde início da invasão, 120 agentes secretos e 385 diplomatas russos já foram expulsos de países terceiras.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL, com Lusa