O Galgo inglês, (greyhound – a designação inglesa e original) é uma raça canina proveniente do Reino Unido que foi inicialmente usada para caçar lebres, mas que agora é conhecida mundialmente por ser a mais rápida do mundo em virtude do seu físico aerodinâmico, chegando mesmo a atingir os 72 km/h. Graças aos seus atributos atléticos, esta raça é hoje utilizada para fins recreativos como as corridas de cães, e a sua avaliação poderá mesmo chegar a atingir os 30 mil euros, caso este possua genes de campeão. Este é um “lazer” extremamente dispendioso e as despesas com estes animais, que incluem a alimentação, tratadores, manutenção de equipamentos e deslocações para os locais das competição, chegam a atingir montantes extremamente avultados.
Em Portugal existem pelo menos 23 criadores desta raça, mas estes números multiplicam-se por todo o mundo, fazendo desta modalidade de velocidade uma das mais apreciadas e rentáveis do mundo. Como em todos os desportos, o treino é fundamental para o sucesso e o pesadelo destes cães começa mesmo aqui, por volta dos três/ quatro meses de idade, em que os seus treinos passam a ser diários e muito exigentes. Estes consistem em perseguir um boneco ou isco vivo numa pista até cruzar a meta e incluem, muitas vezes, dopagem (com esteróides, anabolizantes, cocaína, viagra, cafeína, entre outros) e que, a longo prazo, provocam diversas doenças a nível físico e psicológico. Para além da dopagem, os choques eléctricos são prática comum, sendo aplicados aos que ficam para trás e não atingem os resultados pretendidos.
Em Portugal, ao final de aproximadamente dois anos os canídeos concluem a sua carreira de velocistas graças ao desgaste abrupto causado pela competição. Mas nem todos os exemplares “servem” para esta modalidade e muitos ficam lesionados em resultado dos treinos intensivos. Aos que ficam pelo caminho e aos que se reformam, o desfecho não se apresenta favorável: muitos destes cães terminam abandonados, em canis, atropelados nas estradas, enforcados em árvores ou lançados vivos para poços.
Segundo André Silva, Deputado do PAN, “a nossa legislação é absolutamente omissa quanto a esta matéria, ou melhor, a lei que criminaliza os maus-tratos a animais exceciona as corridas de galgos, colocando-as no conceito de entretenimento. Mais uma vez, um problema de fundo – a utilização de animais para divertimento dos humanos, sendo que os violentos métodos de treino representam graves maus-tratos”. (fonte Visão).
Têm sido várias as notícias que denunciam esta triste realidade dos galgos, indignando os activistas dos direitos dos animais que há muito se debatem por acabar com esta situação. Por exemplo em 2006, o Sunday Times noticiava que, ao longo de 15 anos, mais de dez mil galgos saudáveis, tinham sido mortos a tiro e enterrados num jardim em Seaham, em Inglaterra. Na vizinha Espanha, a associação animalista Justicia Animais estima que percam a, aproximadamente 50 mil galgos todos os anos só no país. Graças à sua versatilidade, esta raça é também muito requisitada para a caça. O mês de fevereiro dita o final da temporada da época de caça em terras de nuestros hermanos e simboliza, igualmente, o término de vida para muitos destes animais que deixam de ter serventia para a actividade e interesse para os seus detentores. É claro que nem todos os caçadores se enquadram neste quadro descrito anteriormente, mas, infelizmente, os números e as denúncias relatadas, além de alarmantes, traduzem bem esta dura realidade.
Talvez as magníficas características desta raça, quer em termos físicos quer psicológicos, apresentando um porte atlético e aerodinâmico, extremamente dóceis e companheiros, os tenha condenado a uma vida de infortúnio, pois cativaram a atenção daquele que consegue ser o mais vil dos seres vivos – o Homem!
(CM)