Muitos são os que o metem no prato. Poucos, são os que o conhecem. Falemos de Porcos!
Talvez por terem sido o passaporte para a mudança que toda a minha vida levou desde que conheci a espécie, me sinta na obrigação de informar quem é o Porco. Na verdade, não me custa fazê-lo, é um desafio que assumo como missão e, digamos, um dever legitimado pelo respeito que tenho a este animal extraordinário. Também um modo de redenção, por alguma vez ter contribuído para o seu sofrimento. Sim, comecei por “conhecê-lo” no prato, como a maioria. Bem longe estava de imaginar que afinal pouco ou nada sabia, sobre quem comia…
Lembro-me da pergunta do Marido “vamos adoptar um Mini Porco?!”, da rápida (e pobre!) pesquisa na internet sobre a espécie enquanto Animal de estimação e, sobretudo, da rápida decisão – “vamos!”.
Na altura (falamos do ano de 2015), não havia “Mini Pigs” (designação inglesa para Porcos Anões) para adoptar, mas sim comprar e, claramente que foi essa a opção para satisfazer o capricho humano de poder ter este Animal na nossa Família. Não comprámos um, mas sim dois Mini Pigs, o Woody e a Allen, com cerca de dois meses. Amantes de Animais e com condições para tal, optámos sempre por adopções conjuntas, pela tranquilidade que é, ter um semelhante para companhia.
Com dois Porcos anões em casa e ainda bebés, tínhamos que saber tratar bem deles, pois era esta a única forma de os podermos proteger e Amar. É nesta fase que tudo o que parecia claro, se torna num sem número de dúvidas e perguntas sem resposta. Não tínhamos outra opção, tivemos que pesquisar, através de fontes credíveis, a informação que precisávamos e não hesitámos em partilhá-la com o mundo, dando assim origem ao nosso grupo informativo sobre Porcos, na internet (rede social facebook) “Mini Pigs Potbelly PT”.
Desde então, muito temos aprendido e heuristicamente digo, o Porco, é talvez das espécies mais difamadas que conheço. Veja-se a conotação que a palavra “Porco” tem, sempre associada a imundice, quando na verdade, este é um Animal bastante asseado! Por vezes bem mais limpo que o ser Humano, se pensarmos que não sua e portanto não tem cheiro!
O Porco é o 4º Animal mais inteligente do mundo e pouca gente o sabe. Um grau de inteligência vencido apenas pelo Macaco, o Elefante e o Golfinho.
Tal como o Homem, é auto-consciente e aprende toda a sua vida! Tão inteligentes como uma criança Humana de 3 ou 4 anos, portanto, bem mais que um Cão ou um Gato, que lhes roubam o protagonismo de poderem ser Animais de Estimação de eleição.
Habituados a este sistema em que nascemos, de ver o Porco no prato e/ou em pocilgas/explorações para o mesmo propósito, a informação sobre a espécie, passa despercebida ao Humano que somente questiona e reflecte sobre tal, quando confrontado com a realidade ou mesmo com a predisposição de observação do comportamento animal.
Indignados que ficamos quando percebemos a rapidez com que se dão pelo seu nome, ou o sentido de pertença que têm pelo seu cantinho, o porto de abrigo e seu território! Os Porcos são territoriais, defendem com “unhas e dentes” os recursos que lhes possam interessar, motivo pelo qual, se tem a ideia de que são agressivos. Não, os Porcos não são agressivos! Na verdade, são até bastante amigáveis e empáticos!
Fazem tudo por comida e portanto, treinados por reforço positivo, são surpreendentemente rápidos, no processo de aprendizagem/treino. Inteligentíssimos, como já sabemos!
Um Porco sonha, gosta de música e faz luto quando perde os seus. Repete-se, o mais parecido com o Ser Humano! Gosta de mimos e desmaia literalmente, se lhes coçarmos a barriga!
E Limpinho que é, já referi! Ao contrário da fama que tem de ser sujo e imundo, o Porco faz as suas necessidades bem longe do sitio onde habitualmente dorme ou come. Claramente que este conhecimento se torna inválido, se pensarmos na mão (des)humana que confina a espécie dentro de quatro paredes (a famosa pocilga) e se não lhe der acesso a terra e água. Não transpirando, o Porco é um Animal que trata da sua pele, enlameando-se, uma forma de se proteger do sol e de se refrescar. Ora, fechado num recinto sem esse acesso, percebe-se bem, porque a maioria tem o Porco em consideração, como uma espécie suja e mal cheirosa. Pura difamação! A verdade, é que o Porco não tem cheiro algum!
Mas a difamação de que é alvo, infelizmente, não se restringe ás suas características. Disseca-se a nossa experiência pessoal, como referência de quem ouve falar em “mini pigs” e se enamora pelos vídeos fofinhos de leitõezinhos na internet e, sob a natural ignorância, é enganado pelos criadores, “criadeiros”, negociantes, acerca do tamanho destas criaturas adoráveis. Designações como “micro porco” e “teacup pig”, levam ao erro de se pensar que o termo “mini” ou “anão” traduz a ideia de que o animal ficará pequeno, mesmo em idade adulta. Mentira! Um mini pig, é “mini” sim, apenas quando comparado com os Porcos ditos “de quinta ou produção” – os “minizinhos” afinal atingem um peso num intervalo de 36 a 136kg! Gente bem intencionada, aventura-se num compromisso que devia ser para a vida – a adopção de um Porco – que entretanto é quebrado pela consciência e racionalidade que o acesso à informação proporciona e a falta de condições que entretanto surge com o aumento de peso e crescimento do Mini Porco. É uma realidade…
De tão parecido que é com o ser Humano, o Porco, é contemplado por estudos científicos, de forma a poder servir o Homem. Em laboratório, trabalha-se para que a redução do seu porte, possa servir no transplante de orgãos – motivo pelo qual podemos ter o privilégio de lidar com Mini Porcos nos dias de hoje.
O cardápio alimentar desta espécie, não foge à regra e a semelhança com o Homem mantém-se – tratar da alimentação de um Porco, implica a escolha de uma dieta humana, sem excessos, numa roda de alimentos colorida e diversificada. A tão famosa “lavagem para Porcos” e/ou os restos de cozinha, ficam portanto de lado na hora de estimar e proteger esta espécie omnívora.
De facto, a percepção da realidade, fica muito aquém do esperado, quando afinal esta espécie é tão próxima do Homem no seu dia a dia (cozinhado dentro do seu prato de refeição) e tão distante do seu coração. Parece que anda toda a gente distraída, quando se fala nestes seres maravilhosos, que chatice…
Então e as outras espécies?! Tendo a certeza de que muitos amantes de “Animais”, vivem adormecidos neste sistema dissonante implementado de “amar uns e comer outros”, todos os dias tento participar activamente, informando e sensibilizando, nesta causa. Apelo sempre à reflexão sobre o que é o especismo e que futuro terá tal visão, pelo impacto que está a causar no mundo inteiro. Se hoje tenho o privilégio de o poder fazer de forma directa, assumindo a presidência do “Santuário Animal Mini Pigs Goats and Dogs”, a dois Porcos o devo, reconheço e agradeço! Foram estes meus filhos do coração – os Porcos – os responsáveis por engrenar nesta luta – o respeito por quem é Porco!
(NÃO DIF)AMEM UM SUÍNO, por favor.