Hierápolis, uma antiga cidade romana situada na atual Turquia, guarda um mistério sombrio: uma passagem que, segundo relatos antigos, conduz diretamente ao submundo. Embora a ideia de atravessar um portal infernal possa parecer apenas mitologia, em Hierápolis, esta experiência podia mesmo ser fatal.
A cidade foi construída durante o reinado do imperador Tibério, entre 14 e 37 a.C., e apresenta vestígios impressionantes, como banhos termais, um ginásio, uma ágora e até uma igreja bizantina. Contudo, foi em 2011 que os arqueólogos descobriram o que chamaram de “Porta do Inferno”, uma gruta situada numa arena aberta, cercada por mitos antigos.
De acordo com o filósofo grego Estrabão, os sacerdotes do submundo, conhecidos pelos seus rituais, conduziam animais de sacrifício pela entrada da caverna. Para espanto dos espectadores, os animais sucumbiam imediatamente, como se fossem mortos por uma força invisível, enquanto os sacerdotes permaneciam ilesos. Estrabão descreveu o local como preenchido por um “vapor turvo e escuro”, letal para quem ousasse entrar.
Segundo a Executive Digest, estudos modernos vieram confirmar a veracidade destas narrativas. Situada numa falha geológica ativa, a gruta liberta grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2), provenientes da atividade vulcânica. Este gás, que também aquecia as famosas termas da cidade, acumulava-se no local durante a noite, formando uma nuvem letal que podia asfixiar rapidamente animais e até humanos.
Investigadores da Universidade de Duisburg-Essen, num estudo de 2018, descobriram que a concentração de CO2 na entrada do templo atingia valores entre 40% e 50%, níveis mortais para qualquer ser vivo em poucos minutos. Os antigos atribuíram estes fenómenos ao sopro de Kerberos, o mítico cão de guarda de três cabeças do submundo.
Hoje, a “Porta do Inferno” continua a emitir gases perigosos, tornando esta relíquia histórica tão fascinante quanto mortal. Visitar o local sem as devidas precauções ainda pode ser tão arriscado quanto nos tempos do Império Romano
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