A Ilha da Queimada Grande, popularmente conhecida como ‘Ilha das Cobras’, é uma pequena ilha situada a cerca de 36 quilómetros do litoral sul do estado de São Paulo, no Brasil. Com uma área aproximada de 43 hectares, a ilha destaca-se pela sua densa cobertura de Mata Atlântica e pela ausência de praias, apresentando um relevo acidentado que dificulta o acesso humano. É também famosa por ser considerada, neste momento, a ilha mais perigosa do mundo.
O nome “Queimada Grande” deriva das tentativas históricas de desflorestação através de queimadas para a criação de plantações, prática comum na região. No entanto, devido ao terreno íngreme e rochoso, essas iniciativas não prosperaram, deixando para trás áreas de vegetação queimada, o que originou o nome da ilha, escreve a National Geographic.
A ‘Ilha das Cobras’ é o único habitat natural da jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), uma espécie de serpente venenosa endémica e criticamente ameaçada de extinção. Estima-se que existam entre 2.000 a 4.000 na ilha, concentradas principalmente nas áreas de floresta densa. Esta espécie distingue-se pelo seu veneno altamente potente, adaptado para capturar aves migratórias que utilizam a ilha como ponto de descanso.
Após a última era glacial, o aumento do nível do mar isolou a ilha do continente, criando um ambiente único onde as jararacas-ilhoas evoluíram sem predadores naturais. Esta situação levou a adaptações específicas, como a capacidade de caçar aves nas copas das árvores, uma vez que a disponibilidade de presas terrestres é limitada.
Perigos e proibições
Devido à alta densidade de serpentes venenosas e ao perigo que representam, o acesso à Ilha da Queimada Grande é estritamente proibido ao público em geral. A Marinha do Brasil controla o acesso, permitindo apenas a entrada de investigadores devidamente autorizados e de equipas de manutenção do farol automatizado presente na ilha.
A ilha é considerada uma Área de Relevante Interesse Ecológico, protegida por legislação ambiental brasileira. Este estatuto visa preservar o ecossistema único da ilha e a sobrevivência da jararaca-ilhoa, cuja população está em declínio devido à perda de habitat e à coleta ilegal para o tráfico de animais.
Lendas e mitos
A reputação da ilha como um local perigoso deu origem a diversas lendas locais. Algumas histórias falam de pescadores que desembarcaram na ilha e nunca mais foram vistos, alimentando a imaginação popular sobre os perigos ocultos na densa vegetação.
Apesar das restrições de acesso, a ilha é objeto de estudos científicos que visam compreender melhor a ecologia da jararaca-ilhoa e desenvolver estratégias de conservação eficazes. Pesquisas focam-se na biologia reprodutiva, comportamento alimentar e genética populacional da espécie.
A jararaca-ilhoa possui um veneno que é cinco vezes mais potente do que o das suas congéneres continentais. Esta característica é uma adaptação evolutiva às condições específicas da ilha, onde a captura rápida de presas é essencial para a sobrevivência.
Desafios Futuros
A conservação da famosa ‘Ilha das Cobras’ enfrenta desafios significativos, incluindo a pressão do tráfico ilegal de animais e as mudanças climáticas que podem afetar o habitat da jararaca-ilhoa. Esforços contínuos de monitorização e proteção são essenciais para garantir a preservação deste ecossistema único.
A Ilha da Queimada Grande, conhecida vulgarmente como ‘Ilha das Cobras’, é um exemplo notável de biodiversidade e destaca-se pela sua singularidade ecológica. Embora inóspita para os seres humanos, desempenha um papel crucial na conservação de uma espécie única de serpente, lembrando-nos da importância de proteger habitats naturais e as espécies que deles dependem.
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