Já imaginou se Quarteira e Vilamoura estivessem separadas por uma diferença horária de 21 horas? É exatamente isso que acontece no estreito de Bering, entre a Sibéria e o Alasca, onde as ilhas Diomedes, separadas por apenas 4 quilómetros, estão divididas pela Linha Internacional de Data. Este marco imaginário, que atravessa o Oceano Pacífico, marca a fronteira entre um dia de calendário e o próximo. Na prática, significa que a ilha maior está quase um dia à frente da menor.
Apesar da curta distância entre elas, estas ilhas são politicamente e geograficamente muito distintas. Ao passar de uma ilha para a outra, muda-se de país, de continente e até de fuso horário, viajando 21 horas no tempo, para a frente ou para trás, dependendo da direção. Contudo, fazer esta travessia por mar é proibido. No entanto, durante o inverno, quando o mar congela, alguns turistas mais aventureiros arriscam atravessar os 4 quilómetros a pé, utilizando o gelo como ponte natural.
A ilha maior, conhecida como Grande Diomede ou Ratmanov, pertence à Rússia e encontra-se desabitada, servindo apenas de base militar. Já a menor, Pequena Diomede, pertence aos Estados Unidos e é habitada por cerca de 140 pessoas da comunidade inupiat, que vivem da pesca e da caça de animais como focas e ursos. Estes esquimós ocupam a ilha há cerca de 3 mil anos, mas enfrentam dificuldades económicas, com 35% da população a viver abaixo do limiar da pobreza.
Segundo a Nit, durante a Guerra Fria, estas ilhas foram apelidadas de “Cortina de Gelo”, simbolizando a separação entre o comunismo e o capitalismo. Para evitar espionagem, a Rússia expulsou os habitantes da Grande Diomede, deixando-a desocupada até hoje. Pequena Diomede, por sua vez, continua habitada, mas as condições climatéricas extremas tornam a vida e o turismo bastante desafiantes.
Esta região atraiu também os batedores de recordes. Em 1987, Lynne Cox, uma nadadora de longa distância americana, atravessou a nado o estreito que separa as ilhas. A travessia, que durou mais de duas horas, foi saudada pelos líderes dos dois países, Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev. Apesar do simbolismo do evento, o ato não conseguiu aproximar as duas superpotências.
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