O almirante António Maria Mendes Calado foi, esta quinta-feira, exonerado do cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional (CEMA), no qual vai ser substituído pelo até então vice-almirante Gouveia e Melo.
Numa “mensagem de despedida”, publicada no próprio dia da sua exoneração nas redes sociais, assume que não sai por vontade própria.
Antes de deixar a Marinha diz que sai, mas “não por vontade própria”, deixando ainda nota que “quem o conhece sabe que nunca tomaria tal decisão”.
Mendes Calado sempre se opôs à reorganização das Forças Armadas, proposta pelo Governo. Nem na hora do adeus, como se entendesse que mesmo em democracia os militares têm a última palavra, volta ao assunto referindo que os que o conhecem “não entenderiam que abandonasse o leme da nossa Marinha depois de tanto resistir ao temporal que nos assolou nos últimos tempos”.
E sublinha que procurou “sempre liderar pelo exemplo, de plena dedicação e grande entusiasmo de servir Portugal e os portugueses” e que sai com a “confiança de uma Marinha resiliente, capaz de ultrapassar todos os desafios, focada no horizonte, espreitando o futuro e ajudando a construi-lo com inovação” para que se continue a cumprir Portugal com brio e orgulho.
A nomeação do Vice Almirante Gouveia e Melo já tinha sido anteriormente avançada, devido à alegada má relação entre o Ministro da Defesa e o até agora Chefe do Estado-Maior da Armada, e ainda segundo algumas opiniões, por se tratar da forma de premiar o conhecido “Almirante das Vacinas”.
Em setembro, o ex-CEMA conduziu trabalhos que levaram a Marinha a dar um parecer negativo à proposta do Governo, tendo inclusivamente votado contra a sua própria exoneração.
Natural de Cabeço de Vide, no concelho de Fronteira, o almirante Mendes Calado tinha sido nomeado para o cargo a 1 de março de 2018.