
A tartaruga-de-couro que foi encontrada na passada quinta-feira, 20 de junho, na Meia Praia em Lagos, está a ser reabilitada no Zoomarine e já tem alimento. As medusas vivas estão a caminho do Algarve.
“As medusas estão a ser transportadas por uma das nossas colegas que trabalha no Zoomarine, que é a Antonieta Nunes e que foi de propósito a Lisboa buscá-las”. Quem o diz é Élio Vicente, biólogo do Zoomarine.
“As medusas foram conseguidas por um pescador, o senhor Pataca, no Rio Tejo, e se tudo correr bem dentro de duas horas e meia a nossa colega já estará cá com as primeiras medusas vivas que vão ser introduzidas dentro deste tanque para que este animal seja induzido a voltar a alimentar-se”, acrescentou.
A tartaruga-de-couro já está no Zoomarine há sete dias e ainda não se alimentou. Os biólogos e técnicos do Porto d’ Abrigo fizeram um apelo aos pescadores para encontrarem medusas vivas, uma vez que o animal está a recusar alimento congelado.
Élio Vicente salienta que “os animais selvagens desta espécie comem alimento vivo e no caso da tartaruga-de-couro mais de 90% do seu alimento são medusas vivas”.
O Zoomarine já tem alimento proveniente de dois locais distintos: Lisboa, cedido pelo mestre de embarcação Pedro Pataca e Vila Real de Santo António, facultado pelo mestre Anselmo.
“Se tudo correr bem e a tartaruga se alimentar vamos combinar uma colheita para amanhã ou segunda-feira em Vila Real de Santo António”, frisou o biólogo.
O responsável explicou ao POSTAL que “existem três coisas muito importantes neste momento para que a tartaruga recupere”.
Em primeiro lugar “estamos a tentar evitar que se desenvolvam infeções devido aos ferimentos. Depois estamos a tentar garantir que, devido à eventual inalação de água, não se desenvolva uma pneumonia por aspiração. A terceira etapa é garantir que ela inicia uma alimentação”.
“Estamos ainda a adotar um sistema de funcionamento que impeça a tartaruga de entrar em contacto com as paredes do nosso habitat de reabilitação”, sendo que “a ideia é colocar um sistema com uma corda que está suspensa e está num processo giratório, minimizando o contacto que este animal tem com as paredes”.
Élio Vicente refere ainda que, quanto ao estado de saúde da tartaruga, “por agora está tudo a correr bem porque os indicadores que temos do ponto de vista sanguíneo e também comportamental mostram que o animal à partida não tem nada de muito grave agora”, sublinhando que “isso não quer dizer que nas próximas semanas não aconteça, pois, por exemplo, a pneumonia pode levar várias semanas até se manifestar”.
O responsável salienta que “se ela não tiver nenhuma infeção ou pneumonia, daqui a 5/6 semanas já podemos considerar uma devolução ao mar”, no entanto “basta que exista um processo infecioso ou uma pneumonia para este processo se prolongue por meses”.
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(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)