
O primeiro-ministro, António Costa, adiantou hoje que no sábado anunciará as medidas para o Natal “com as melhores condições possíveis”, mas avisou desde já que “a passagem do ano vai ter todas as restrições”.
“O Governo propôs ao Presidente da República, e o senhor Presidente da República aceitou que desta vez, quando anunciarmos a renovação do estado de emergência, possamos anunciar não só as medidas para a próxima quinzena como as medidas para a quinzena seguinte, ou seja, até 6, 7 de janeiro”, revelou hoje António Costa, em entrevista à rádio Observador.
Assim, de acordo com o primeiro-ministro, “é fundamental que as pessoas possam ter uma noção antecipada do que vai ser o Natal”, sendo esta semana decisiva para a decisão sobre essas medidas, que irá anunciar no próximo sábado.
“Vamos todos fazer o esforço para podermos ter o Natal com as melhores condições possíveis, mas logo a seguir, há uma coisa que posso antecipar desde já, é que a passagem do ano vai ter todas as restrições porque aí não pode haver qualquer tipo de tolerância”, avisou.
Não se deve “baixar a guarda”
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu na passada sexta-feira “uma estabilização” da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, “até com alguma tendência decrescente”, mas alertou que não se deve “baixar a guarda”.
“Parece haver uma estabilização de todo este processo, até com alguma tendência decrescente”, mas, “mais importante” é “dizer que não podemos baixar a guarda e, portanto, mantém-se a nossa grande preocupação” quanto à pandemia, considerou.
Numa conferência de imprensa na Base Aérea N.º 11 (BA11), em Beja, onde visitou um centro militar de acolhimento para doentes com covid-19, que está atualmente vazio, Lacerda Sales foi questionado pelos jornalistas sobre se Portugal já teria atingido o pico da pandemia.
“Só saberemos o pico, tecnicamente é assim, quando tivermos passado dois períodos de incubação a descer”, esclareceu, rejeitando fazer esse tipo de considerações.
O que importa, de acordo com o secretário de Estado, é manter toda a atenção relativamente às medidas de proteção contra a pandemia e preocupação perante a doença, “até porque os serviços de saúde estão muito pressionados”.
“As unidades de cuidados intensivos estão muito pressionadas”, insistiu, lembrando que “os serviços de saúde não são solução deste processo”, porque “a solução está em cada um de nós, está na consciência social e coletiva de todos”.
Os serviços de saúde servem sim “para ganharmos tempo e para salvarmos vidas, que é garantidamente objetivo de todos nós”, acrescentou.
Na terça-feira, foi noticiado um documento do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) que estima que, se os países que em outubro e novembro tomaram novas medidas para controlar a pandemia as levantassem a 21 de dezembro, os internamentos hospitalares aumentariam na 1.ª semana de janeiro.
As projeções do EDC indicam que Portugal deve atingir até ao final deste mês o pico de novos casos de covid-19, mas que o pico de óbitos deve acontecer já em dezembro, com um número diário que se poderá manter elevado até ao Natal.
Na deslocação de hoje à BA11, em que esteve acompanhado pelo secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, e por responsáveis locais e regionais, Lacerda Sales disse que as Forças Armadas vã ser envolvidas no processo de vacinação contra a covid-19 que vai decorrer no país.
A ‘task force’ criada pelo Governo para definir todo o plano de vacinação contra a covid-19 “tem elementos das Forças Armadas”, aludiu.
E “é evidente” que as Forças Armadas “são uma estrutura muito importante em tudo o que é relativo à estratégia, à organização, à distribuição, à própria segurança que estes processos”, como o da vacinação, “precisam de ter”, pelo que o Governo conta com elas “para a logística”, disse.
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 08 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.