Várias dezenas de cidadãos, na sua maior parte agricultores, concentraram-se em frente à Câmara Municipal de Tavira e seguiram marcha até ao Centro de Experimentação Agrária (CEAT) onde entregaram um manifesto.
Os manifestantes exigiram que “o CEAT deve continuar a cumprir o objetivo pelo qual foi construído há 95 anos, que é apoiar e formar os futuros e atuais agricultores”.
No manifesto os agricultores do Algarve pedem “respeito pela terra que cultivam, muito antes de todos os gestores do território se terem instalado; pelo imenso esforço que representa para gerações e gerações de agricultores a construção da paisagem que agora, esses mesmos representantes do Estado, vendem ao turismo geriátrico como o cenário idílico ‘natural’”.
Pedem também respeito “pela sua história e tradições que os “nomeados defensores” do interesse público teimam em ignorar, erigindo a “modernidade” dos novos cultivos como a “benção” que recaiu sobre os nossos campos, agora ocupados por multinacionais”.
“Apesar de conter uma das coleções de fruteiras mais importantes do Algarve e até algumas de importância nacional, desde pelo menos 2013, o Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT) tem sido votado ao abandono, fruto de uma política de desinvestimento programado, tendência que nunca vimos nenhum “gestor” inverter”, pode ler-se no manifesto.
O documento, assinado pelo Movimento de Cidadãos pelo CEAT e Hortas Urbanas de Tavira, acrescenta que “pese embora o esforço que o Movimento de Cidadãos pelo CEAT tem vindo a desenvolver, desde 2019, para tentar retirar o CEAT desta morte lenta, nomeadamente através de campanhas públicas, recolha em video de histórias de vida para memória futura de vivências nesse espaço, reuniões técnicas com funcionários da DRAPALG em que foram apresentadas propostas concretas de intervenção, parcerias com In Loco e CM Tavira para a implementação de hortas comunitárias para os habitantes de bairros do concelho de Tavira, criando expectativas de uma efetiva valorização do espaço ao serviço dos agricultores, o resultado final é a uma deriva das entidades responsáveis que tudo aponta tornaram este Centro refém do turismo geriátrico e do entretenimento”.
O movimento refere ainda que “entidades completamente alheias ao mundo rural, como a ABC – Biomedical Center instalam-se agora nos edifícios antigamente destinados à formação, as restantes edificações são distribuídas pelo Centro de Ciência Viva e etc. Que fique claro. Não somos contra a existência destas estruturas. Reconhecemos o papel que podem desempenhar junto da comunidade. O que contestamos é que se instalem no espaço dedicado aos agricultores e que estes sejam ignorados”.
“O modelo de revitalização assumido na pré-configuração do novo Pólo de Inovação de Tavira não é de todo o modelo pretendido pelos cidadãos porque não dá na prática qualquer prioridade à formação e instrução de agricultores”, destacam os agricultores.
Para conhecer o manifesto na íntegra basta clicar aqui.