A Universidade do Algarve (UAlg) lançou uma plataforma digital para recolher dados sobre as algas encontradas nas praias algarvias e perceber quais as espécies invasoras que levam a grandes acumulações nos areais, disse um dos investigadores envolvidos no projeto.
Em declarações à Lusa, o investigador Rui Santos, do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da UAlg, indicou que a plataforma Algas na Praia “funciona em forma de inquérito, para que as pessoas submetam os avistamentos das algas encontradas nas praias”.
“O que pedimos é que as pessoas assinalem a presença das algas, registando-as em fotografias e que submetam os dados através da plataforma ‘online’, com o preenchimento de um pequeno inquérito”, adiantou.
De acordo com Rui Santos, o objetivo é recolher o maior número de dados “sobre as espécies de algas e quais as condições que levam a estes desenvolvimentos de grandes quantidades, sobretudo no verão”, ao longo das praias do Algarve.
“Pretendemos monitorizar os eventos de desenvolvimentos anormais de algas e que muitas vezes têm impactos no turismo e na utilização das praias, provocando incómodo nas pessoas”, anotou aquele responsável.
Segundo o investigador, o surgimento de grandes afloramentos de algas na costa algarvia, “é um fenómeno anormal e cada vez mais frequente, motivado por espécies que não são da flora portuguesa”.
“São espécies invasoras que vieram de outras geografias e foram introduzidas na nossa costa pela importação de ostras japonesas e por navios, que as deslocam nos seus cascos”, lembrou.
Rui Santos considera que algumas “das espécies ‘alienígenas’ já cá estão há muitos anos, com impactos importantes em vários pontos da costa, mas sem impactos na saúde pública”, sublinhou.
Contudo, adianta, o surgimento de algas invasoras é cada vez mais frequente, “face ao mundo global” em que hoje se vive, “o que leva a que saltem facilmente de um lado para outro, causando incómodo devido às grandes massas que provocam e ao cheiro”.
“A aglomeração de algas causa incómodo porque depositam grandes massas [no mar e areal] e cheiram mal. Isso afasta as pessoas da zona e é desagradável tomar banho numa sopa de algas”, reconheceu.
O investigador reforçou que as algas “não têm impactos diretos na saúde”, nem “provocam situações graves”.
O inquérito ‘online’ visa agora reunir documentação que possa “identificar as espécies que vão surgindo nas praias algarvias, no sentido de se tentar reduzir a introdução de novas espécies”.
Os dados recolhidos pelos veraneantes podem ser comunicados na página da plataforma da Universidade do Algarve em www.ualg.pt/algas-na-praia.