O Parlamento aprovou a extensão, por mais um ano, do regime excecional de isenção às famílias da comissão de 0,5% sobre as amortizações antecipadas de crédito à habitação com taxa variável. Esta medida, introduzida inicialmente em 2022, destina-se a mitigar o impacto do aumento das taxas de juro nos orçamentos familiares, aliviando os encargos associados ao crédito à habitação.
Por que é que esta isenção é relevante?
Nos últimos dois anos, a escalada das taxas Euribor resultou num aumento expressivo das prestações mensais dos créditos à habitação. Em resposta, o Governo implementou a isenção da comissão de amortização antecipada para contratos com taxa variável, que tradicionalmente incluía um custo adicional de 0,5% sobre o valor amortizado.
Sem esta medida, por exemplo, amortizar 10.000 euros implicaria o pagamento de 50 euros extra ao banco, como explica o Ekonomista. Agora, com a renovação da isenção até dezembro de 2025, as famílias têm a oportunidade de reduzir o montante em dívida sem custos adicionais, aproveitando eventuais poupanças para aliviar o peso do crédito.
O que muda com este prolongamento?
A extensão desta medida oferece maior flexibilidade financeira às famílias num contexto de persistente incerteza económica. Para quem dispõe de liquidez, a amortização antecipada sem comissões pode ser uma estratégia eficaz para diminuir a exposição ao crédito, sobretudo num cenário de taxas de juro elevadas.
Embora as taxas Euribor tenham começado a descer em 2024, o impacto nas prestações será sentido de forma gradual, pelo que aproveitar esta oportunidade pode ajudar a equilibrar o orçamento familiar.
Taxas Fixas: o grande ausente
Apesar das vantagens para contratos com taxa variável, os créditos de taxa fixa continuam fora do alcance desta isenção. Desde 2022, estes contratos seguem um regime distinto, mantendo as comissões de amortização antecipada em vigor.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) já manifestou reservas quanto à possibilidade de incluir contratos de taxa fixa neste regime, argumentando que isso poderia desencorajar as instituições financeiras de oferecerem opções de taxa fixa no mercado. Apesar de a legislação obrigar à sua disponibilização, nada impede que estas sejam apresentadas com condições menos competitivas.
Um cenário económico mais favorável?
A tendência de descida das taxas Euribor trouxe algum alívio às famílias com crédito à habitação. Após atingir um pico de 4,6% no início do ano, a Euribor registou uma redução significativa para 4,1% em novembro, marcando a maior descida dos últimos 12 anos.
Declarações recentes da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, indicam a possibilidade de novos cortes nas taxas de juro ao longo de 2025, o que poderá acelerar a redução das prestações. Ainda assim, enquanto a descida não se traduz plenamente nos orçamentos familiares, a isenção de comissões para amortizações antecipadas surge como um alívio oportuno.
Aproveitar a isenção de comissões: o que deve saber
Com o prolongamento desta medida até ao final de 2025, é essencial que os consumidores avaliem a sua situação financeira e ponderem se a amortização antecipada é uma solução viável.
Passos recomendados:
- Análise financeira: Avalie a sua capacidade de poupança e o impacto da amortização no orçamento mensal.
- Consulta ao banco: Verifique as condições do seu contrato e clarifique eventuais dúvidas sobre os procedimentos.
- Planeamento a longo prazo: Considere o efeito da redução do capital em dívida nos juros a pagar até ao final do contrato.
O prolongamento da isenção de comissões no crédito à habitação com taxa variável representa um apoio valioso para as famílias portuguesas, num momento em que o impacto das taxas de juro ainda se faz sentir.
Se está a considerar amortizar o seu crédito, esta é uma oportunidade a não desperdiçar. Com um planeamento adequado e uma análise consciente das suas finanças, pode reduzir a pressão da dívida e construir uma maior segurança financeira para o futuro.
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