O navio de guerra “Moskva” está “seriamente danificado”, avança o Kremlin. Segundo avançam os meios de comunicação russa, a tripulação foi retirada da embarcação. Do lado da Ucrânia surgem afirmações de um ataque bem sucedido.
O ministro da Defesa recusa que o navio tenha sido atacado pela Ucrânia. Afirma que os danos são resultado de um incêndio que fez explodir o armamento a bordo.
“O navio está seriamente danificado. Toda a tripulação foi retirada”, disse o ministro russo, Sergei Shoigu
Por outro lado, as autoridades ucranianas afirmam ter atingido a embarcação como dois mísseis Neptuno – mísseis produzidos pela Ucrânia.
“Foi confirmado que o míssil para o navio ‘Moskva’ foi hoje [quinta-feira] exatamente para onde foi enviado pela nossa guarda costeira na Snake Island”, disse o governador regional de Odessa, Maksym Marchenko.
A danificação do “Moskva” tem um valor simbólico no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, uma vez que este navio representa o “poder naval russo no Mar Negro”, explica à BBC Michael Petersen, membro do Instituto de Estudos Marítimos da Rússia.
“O ‘Moskva’ tem sido um espinho para a Ucrânia desde o início do conflito. Vê-lo tão danificado… Penso que será um verdadeiro impulso para a moral dos ucranianos”, acrescenta.
Também José Milhazes, comentador SIC, destaca o caráter simbólico de um ataque da Ucrânia – ainda por confirmar – a um dos mais importantes navios de guerra que, ainda por cima, se chama Moskva – Moscovo, em russo.
“Nós não sabemos o que realmente aconteceu, mas, do ponto de vista simbólico, claro que é importante“, afirma
ORIGEM E HISTÓRIA DO NAVIO “MOSKVA”
Navio de guerra “Moskva” foi produzido durante o período da União Soviética, tendo sido projetado como sendo um destruidor de porta-aviões. Inicialmente foi apelidado de “Slava” (que em português significa glória), mas foi renomeado em 1995. Com 186 metros está armado com 16 mísseis antinavio, mísseis fort – a versão naval dos mísseis S-300 de longo alcance – e mísseis Ossa de curto alcance.
Antes de mudar de nome, o “Slava” participou em várias missões diplomáticas, incluindo a conferência de desarmamento nuclear em Ialta, em agosto de 1990. Ao longo da sua história, recebeu a visita de vários líderes estrangeiros, incluindo o Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi e o antigo chefe do Governo italiano Sílvio Berlusconi.
Participou em três guerras. O primeiro conflito em foi usado foi no da Geórgia, em agosto de 2008, participou na guerra na Síria e, em janeiro de 2015, foi implantado no mediterrâneo oriental para assegurar a “defesa antiaérea” da base russa Hmeimim. O “Moskva” participa na guerra com a Ucrânia desde 24 de fevereiro, dia em que Vladimir Putin invadiu o país vizinho-o.
A embarcação foi o protagonista de um dos momentos mais icónicos do início do conflito: os militares russos pediram a rendição da pequena ilha de Snake Island, tendo os 12 guardas ucranianos recusado render-se. Inicialmente, pensava-se que os guardas teriam sido mortos. No entanto, ficou a saber-se mais tarde que tinham sido capturados pelos militares russos, tendo já sido libertados no âmbito da troca de prisioneiros entre os dois países.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL