
Forçado a fazer uma travagem brusca, retoma o trajeto para segundos depois assistir ao trágico acidente que resultou na morte de Susana Gonçalves e do seu neto.
Carlos Abreu estava acompanhado da sua filha e ficaram transtornados com a tragédia perto do nó de Boliqueime na A22.
Ao POSTAL disse a sua versão e mostrou um vídeo que fez imediatamente após o acidente.
A pedido do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação da GNR, as imagens do vídeo não podem ser mostradas publicamente enquanto decorre o inquérito.
O agente da PSP terá mandado parar um dos carros após o condutor de um Nissan Qashqai ter cometido uma infração de trânsito, diz o Correio da Manhã ter apurado. Susana Gonçalves, de 56 anos e que conduzia um Renault Clio, pensou que a ordem também era para si e parou.
Segundo apurou o POSTAL, a versão inicial do agente da PSP aos colegas da esquadra de Lagos corresponde à versão acima citada, no entanto, uma fonte de um dos sindicatos da PSP disse ao POSTAL que a versão oficial poderá ser outra: o agente da PSP só parou porque as duas viaturas já estavam estacionadas, versão que contradiz tanto as imagens do vídeo como as várias testemunhas que se dirigiram ao POSTAL, afirmando que a carrinha da PSP encontrava-se à frente das outras duas viaturas, todas na faixa de rodagem sem sinalização e a uma curtíssima distância uma das outras.

Segundo vários testemunhos garantiram ao POSTAL, pelo menos três outras viaturas terão quase embatido no Clio e nenhuma das três viaturas imobilizadas em plena faixa de rodagem, com uma curtíssima distância, incluindo a da PSP, estavam sinalizadas.
O vídeo de Carlos Albino mostra a carrinha da PSP já estacionada uns bons metros mais à frente do acidente, isto é, somos levados a concluir que o agente resolveu seguir marche sem prestar o devido auxílio às duas viaturas que ainda estavam irregularmente paradas em plena faixa de rodagem de auto-estrada.
Infelizmente, no minuto seguinte à paragem forçada de Carlos Abreu, o carro de Susana foi abalroado por uma carrinha de transporte de turistas, onde seguia a terceira vítima mortal, uma mulher inglesa de 83 anos.
A revolta nas redes sociais tem sido crescente. Muitos consideram que tanto o condutor do Nissan Qashqai, ouvido ontem pela GNR, é inocente, assim como o condutor da carrinha que embateu.
Carlos Abreu vai mais longe e responsabiliza o agente da PSP pelas três mortes.
Ontem à tarde, partilhou um texto intitulado RELATO DE UM “HOMICÍDIO” onde revela a sua versão, a mesma que tinha dado momentos antes à GNR e ao POSTAL e que aqui publicamos.
RELATO DE UM “HOMICÍDIO” relativo ao acidente na A22
“No dia 3 de Dezembro [terça-feira], quando me deslocava no sentido Albufeira-Vila Real de Santo António com a minha filha, pelas 15:41, deparo me com aquilo que parecia serem veículos em circulação e em reduzida velocidade na faixa onde eu circulava, na faixa da direita.
Devido a rapidez da minha aproximação, apercebo-me que deveriam estar parados, o que me levou a reagir com alguma rapidez, travando bruscamente, quase derrapando, para não embater naquele “obstáculo” na faixa da direita, ficando imobilizado a cerca de 1,5 metros da ultima viatura que era um Renault Clio de cor castanha.
Ao ficar parado atrás daquela viatura, ligo os 4 piscas e reparo que nenhuma viatura, além da minha, tinha qualquer tipo de sinalização ou piscas ligados. Pensei que deveria ter sido um acidente ocorrido há escassos segundos e que ainda não tinha havido tempo para a sinalização do mesmo. [Reparo que] estava ali um elemento da PSP no exterior esbracejando com ar exaltado, junto a viatura branca, [e] que [ele] iria tratar do assunto de seguida.
Espero que passem 2 viaturas na faixa da esquerda e inicio a marcha para ultrapassar aquelas viaturas e voltar a minha faixa da direita e seguir viagem.
Quando estou a ultrapassar as viaturas, reparo no seguinte: está um Clio parado a escassos centímetros do veículo da frente, um Nissan branco tipo jeep e uma carrinha da PSP, todos parados na faixa e não havia acidente nenhum, e o elemento da PSP a dirigir-se para o interior da sua viatura, e comentei com a minha filha, “Isto foi o policia armado em parvo, mandou parar alguém por qualquer coisa que não gostou, mas desta maneira isto vai dar merd@ porque como estão… Por acaso, eu reagi a tempo e não bati, mas alguém vai bater”.
Dito isto, estou já a cruzar o eixo das 2 faixas para a faixa da direita, quando pelo retrovisor vejo um violentíssimo embate de uma carrinha seguido de 2 piões.
Encosto na berma da direita e reparo que o elemento da PSP que tinha iniciado marcha, vê o que eu vejo e, aí sim, encosta na berma. Do tempo que parei atrás do Clio, à ultrapassagem destes veículos até encostar a berma, depois de ter visto o acidente a cerca de 40 metros do Clio, passaram-se não mais do que 20 segundos.
Naquele fatídico dia, eu, ou teria batido no Clio, ou teria levado com a carrinha de transfers.
Mais tarde, nesse mesmo dia, segundo uma leitora garantiu ao jornal online POSTAL: “eu vi a carrinha da PSP que circulava com os pirilampos ligados e de repente parou na faixa de rodagem do lado direito, onde, logo atrás, parou de seguida um carro branco (julgo ser um Nissan jipe) e onde o senhor agente saiu da viatura; pareceu-me um pouco zangado. Como eu vinha atrás, deu para ver esta situação”.
Outra leitora do POSTAL já tinha garantido que, minutos antes, ao passar na zona do acidente, encontravam-se, ainda um pouco dentro da faixa [de rodagem], junto à berma, “uma carrinha da PSP com um jipe e mais um carro atrás… O [um agente da] PSP estava [aparentemente] zangado… mas [na altura] não havia acidente”.
Um amigo meu disse-me que assistiu porque vinha atrás e que terá sido aparentemente uma mudança de faixa por parte de um condutor que terá levado a “imbecilidade” deste elemento da PSP imobilizar veículos em plena faixa de rodagem.
Isto tudo é triste demais, mas a ser verdade posso deduzir que eventualmente terá sido o veículo branco o Nissan a irritar este Senhor da PSP que ao parar e tendo outro veículo atrás, o Clio que seguiria logo atrás do Nissan terá também parado nada tendo a ver com nada, e ser o veículo onde morreu a avó e o neto de 7 anos.
Senhores, por favor, o motorista da carrinha de transferes não teve culpa; a velocidade média da auto-estrada situa-se nos 140/150 quilómetros hora, eu mesmo circulava a cerca de 150.
Eu reagi a tempo, o senhor da carrinha não.
Esse elemento da PSP, se fosse humano, já deveria ter vindo ao terreno e assumir a “trampa” que fez. Não sei se tem filhos, mas como é que ele se vai sentar na mesa de natal com os mesmos de consciência tranquila de quem foi o irresponsável e assassino daquele trágico acidente.
Uma avó de 56 anos o seu neto de 7 anos vítimas mortais, a sua neta de 2 anos, partiu uma perna, e uma turista britânica de 83, também vítima mortal; cinco feridos: um bebé de 9 meses, um menino de 3 anos, uma mulher de 28 e dois homens, de 58 e 84.
Isto é o resultado da atitude de um elemento da PSP.
Tenho 2 filhas e uma neta de 5 anos, e é muito triste, alguém perder a vida por uma “imbecilidade”.
Não irei deixar passar em claro de quem é o responsável: o elemento da PSP que parou 2 viaturas na faixa em plena autoestrada.
Tenho estado a ouvir todo o tipo de barbaridades nas televisões e nas rádios. Já se falou de tudo, no excesso de velocidade, na responsabilidade das empresas de transferes, na capacidade dos motoristas de transferes.
Mas a realidade do que está na origem do acidente é muito diferente: o irresponsável e responsável criminoso desta tragédia é, apenas e só, a pessoa que parou 2 veículos na faixa da direita em plena auto estrada.
O elemento que talvez não se safe e que não deve ter soprado o balão, pois se soprasse talvez revelasse a causa da atitude irresponsável que deu origem aquelas mortes.
Por favor, divulguem isto, pois foi o que se passou”.
Texto de Carlos Abreu
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