Uma onda de calor está a afetar grande parte da Europa Ocidental, que nesta sexta-feira registou temperaturas superiores a 30ºC, noticia o jornal britânico “Guardian”. França, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido são alguns dos países afetados por esta subida das temperaturas, que especialistas já apontaram como sendo um fenómeno que passará a ocorrer mais cedo do que o normal – e não em julho ou agosto – por causa das alterações climáticas.
Em algumas regiões de França os termómetros ultrapassaram os 40ºC na sexta-feira – um pico na onda de calor de junho registada no país. “É a vaga de calor mais antecipada que alguma vez foi registada em França” desde 1947, garantiu ao jornal Matthieu Sorel, climatólogo na Meteo France. Este sábado já foram registados 41º em Biarritz, um recorde absoluto desde que, em 1953, foi inaugurada a estação meteorológica no aeroporto daquela cidade. Em Cambo-les-Bains, nos Pirinéus Atlânticos, os termómetros marcaram hoje 41,5º
As temperaturas devem recuar ligeiramente no domingo, com trovoadas em algumas regiões da França (e da Europa), mas o instituto estatal de previsões meteorológicas Meteo France já veio dizer que o recorde foi ultrapassado em 11 áreas do país, na sexta-feira, e que a temperatura poderá chegar aos 42ºC em algumas regiões no sábado.
Também na Península Ibérica, região cada vez mais seca e com o fluxo dos rios cada vez mais lento, há uma preocupação cada vez maior com o aumento da temperatura por causa das alterações climáticas, nota o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, citado pela revista brasileira “Veja”.
Em Espanha, concretamente, as temperaturas registaram o nível mais elevado das últimas quatro décadas para esta época do ano – estiveram acima dos 35ºC na maior parte do país e o serviço de meteorologia local prevê que estas cheguem a 40ºC e 42ºC em Madrid e Saragoça, respetivamente, os maiores valores desde 1981.
Na sexta-feira, incêndios lavraram a zona noroeste da região Serra da Culebra, na região de Castela e Leão, perto da fronteira com Portugal, tendo ardido cerca de 20 mil hectares de terra, segundo a BFMTV, e forçando 200 pessoas a deixarem as suas casas – além de se ter procedido à evacuação do parque temático Puy du Fou, na região central de Espanha, por causa de um incêndio. Os bombeiros combatem incêndios e várias outras regiões, incluindo a Catalunha.
E, apesar de ter escapado a esta onda de calor, Portugal também tem motivos para se preocupar. O mês passado foi considerado o mês de maio mais quente dos últimos 92 anos, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que alertou para a existência de uma seca severa. Este sábado, em particular, o IPMA colocou 25 concelhos de cinco distritos em perigo máximo de incêndio e mais de 40 concelhos de oito distritos em perigo muito elevado de incêndio.
Vinte e cinco concelhos de cinco distritos em perigo máximo de incêndio
Também em Itália várias regiões anunciaram um racionamento de água e a região da Lombardia pode declarar o estado de emergência devido à seca que prejudica as colheitas. Vários troços do rio Tibre estão com pouca água. No Reino Unido o dia mais quente do ano foi sentido na sexta-feira, com temperaturas acima dos 30ºC ao início da tarde. Na Alemanha são esperadas temperaturas na ordem dos 40º ainda este sábado.
“Como resultado das alterações climáticas, as ondas de calor estão a iniciar-se mais cedo”, afirma Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial, em Genebra. “O que vemos hoje é, infelizmente, uma antecipação do futuro”, se as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera continuarem a aumentar e empurrarem o aquecimento global para 2ºC a partir dos níveis pré-industriais.”
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL