Estávamos no ano de 2022 quando Júlia Costa ficou sem a casa onde viveu durante vários anos com o marido, na freguesia de Fratel, em Vila Velha de Ródão. Resta de saber que toda esta história começa em 2003. No entanto, Júlia nunca pensou que uma simples ida com a irmã a um local onde se vendiam colchões pudesse desencadear na penhora da sua casa.
Nos últimos tempos tem-se ouvido o relato de alguns portugueses que têm sido despejados de casa por não conseguirem pagar a renda da casa, mas o caso de Júlia Costa é bem diferente. Corria o ano de 2003, quando Júlia e a irmã se dirigiram à sociedade na freguesia de Fratel, onde estavam expostos colchões e outros artigos para venda. À CNN Portugal, Júlia disse que quem frequentava aquele lugar era sempre persuadido a comprar pelo menos um dos artigos à venda.
Júlia e a irmã não foram exceção e cada uma delas decidiu comprar um colchão. Cada unidade custava 1.500 euros. “A senhora que estava a vender os colchões disse: ‘você tem de assinar pela sua irmã porque a sua irmã já não tem idade para assinar e você tem de assinar por ela'”, conta a protagonista desta história à mesma fonte. Apesar de Júlia ter ficado responsável pelo colchão da irmã, as duas fizeram um acordo verbal em que a irmã daria o dinheiro do seu colchão a Júlia para que esta o pagasse.
De qualquer forma, independentemente de qualquer acordo verbal, a assinatura de Júlia fez com que esta ficasse responsável pelos dois colchões. E o que é certo é que a irmã nunca lhe pagou os 1.500 euros e acabou por falecer. Com uma dívida por saldar, os cobradores começaram a insistir com Júlia para que esta pagasse finalmente o colchão da irmã.
Júlia Costa perde a casa onde morou com o marido
O pagamento do colchão foi sendo adiado e, após a morte do marido, em 2019, Júlia recebe uma carta de uma empresa de gestão de crédito malparado a cobrar uma dívida de 5.038 euros. “Disseram que me iam pôr a casa em leilão”, conta. Por princípio, aquilo que se tem de maior valor não pode ser imediatamente penhorado, mas, na ausência de outros bens, salários e pensões, a casa era mesmo o único bem que se podia retirar.
É assim que Júlia Costa acaba por ser retirada da casa onde viveu com o marido, em maio de 2022. Embora o colchão custasse 1.500 euros, a conta para pagar já ultrapassava os 5.000 euros por causa dos juros do atraso do pagamento. “Fiquei sozinha e tenho chorado muito, sofrido muito, muito”, descreve Júlia os seus últimos anos.
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