A luta contra a IPTV pirata tem vindo a intensificar-se na Europa, levando vários países a adotarem medidas concretas para combater esta prática. Uma nova abordagem está agora a ganhar forma e promete atingir diretamente todos os que utilizam este tipo de serviços de pirataria. Inicialmente, a punição será aplicada sob a forma de uma multa, mas as sanções poderão tornar-se ainda mais severas no futuro.
A Grécia está prestes a dar um passo significativo no combate à pirataria de conteúdos desportivos, em especial no futebol, introduzindo multas para quem assiste a transmissões ilegais. Esta medida pode afetar milhões de pessoas e já gerou controvérsia. Após vários rumores, a proposta foi finalmente incluída numa das alterações à nova lei de financiamento em discussão no parlamento grego.
A Ministra da Cultura, Lina Mendoni, apresentou esta alteração como um reforço das medidas adotadas desde 2018, quando o governo grego implementou o bloqueio de sites ilegais. De acordo com a ministra, as multas foram definidas com base na “gravidade e desprezibilidade” das infrações. O valor a pagar variará consoante as circunstâncias específicas de cada caso.
Em termos concretos, qualquer pessoa que aceda a IPTV pirata a partir da sua residência poderá ser multada em 750 euros, revela o Pplware. Esta penalização aplica-se aos utilizadores comuns destes serviços, que até agora não tinham sido alvo de sanções diretas. Além disso, prevê-se uma multa de 1.500 euros para aqueles que exibam conteúdos pirateados em locais públicos. No caso de utilização com fins comerciais ou lucrativos, a coima poderá ascender a 5.000 euros.
A proposta também reforça os mecanismos de bloqueio que já existiam na legislação grega. Até agora, os detentores de direitos podiam solicitar a uma comissão especial do governo o bloqueio de conteúdos ilegais. A nova alteração expande esses poderes, permitindo o bloqueio dinâmico de sites que disponibilizem transmissões piratas.
Nos últimos meses, a legislação grega foi adaptada para acompanhar a evolução das tecnologias de streaming ilegal. Foram introduzidos mecanismos que possibilitam o “bloqueio preventivo” de páginas suspeitas de disponibilizar conteúdos pirateados. Com as novas regras, torna-se possível bloquear dinamicamente sites que alterem o seu domínio para evitar o encerramento.
Apesar de já ter sido aprovada pelos parlamentares gregos, esta nova medida ainda precisa de percorrer um longo caminho antes de entrar em vigor. Existem vários aspetos práticos por definir, nomeadamente como será feita a identificação dos utilizadores que recorrem à IPTV pirata.
Uma das principais preocupações prende-se com a aplicação efetiva das multas. Atualmente, não é claro de que forma as autoridades conseguirão rastrear os utilizadores de IPTV pirata, uma vez que muitos recorrem a redes privadas virtuais (VPNs) para ocultar a sua identidade.
Especialistas em direito digital alertam que a implementação desta lei pode levantar questões sobre a privacidade dos utilizadores. A monitorização do tráfego online para identificar o consumo de IPTV ilegal poderá colidir com normas europeias de proteção de dados.
A indústria do entretenimento e os detentores de direitos de transmissão consideram esta medida um passo essencial para combater a pirataria, argumentando que a distribuição ilegal de conteúdos prejudica gravemente o setor. No entanto, há quem questione se penalizar os utilizadores finais será a solução mais eficaz.
Esta nova legislação coloca a Grécia entre os países com uma abordagem mais rigorosa no combate à IPTV pirata. Outros países europeus, como Itália e Reino Unido, também têm reforçado as suas leis para responsabilizar não só os distribuidores, mas também os consumidores destes serviços.
O debate sobre a pirataria de conteúdos continua intenso, com opiniões divididas entre a necessidade de proteger os direitos de transmissão e a preocupação com a privacidade digital. Independentemente das controvérsias, a tendência aponta para um endurecimento das medidas contra a IPTV pirata nos próximos anos.
À medida que a tecnologia evolui, os mecanismos de fiscalização também se adaptam. Resta saber até que ponto estas novas regras conseguirão dissuadir os utilizadores e travar o crescimento da IPTV ilegal na Europa.
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