A Fundação Champalimaud e o Algarve Biomedical Center descobriram, através de um estudo, que a taxa de infeção pelo covid-19 em Loulé é 14 vezes superior ao que havia sido calculado através dos testes de diagnóstico.
Os testes serológicos foram realizados 1.235 pessoas e os investigadores descobriram que 2,8% já tinha contactado com o SARS-CoV-2 e desenvolvido imunidade contra a doença, tal como avança o Observador.
O presidente do conselho executivo do Algarve Biomedical Centre, Nuno Marques, diz que os testes foram feitos aos profissionais que se mantiveram em exposição, ou seja, polícias, bombeiros, trabalhadores da Proteção Civil, profissionais dos centros de pessoas, trabalhadores do mercado, entre outros, que diariamente estão em contacto com o público.
Os testes diagnósticos no concelho de Loulé, conseguiram concluir que 0,2% das pessoas que estiveram mais expostas ao novo coronavírus tinham sido infetadas pelo vírus. Mais 0,1 pontos percentuais do que a generalidade da população daquele município. Contudo, este estudo revelou que, afinal, 2,8% dos indivíduos já tinham anticorpos contra o vírus e que, a taxa de infeção é 14 vezes superior ao calculado.
Explica o presidente do conselho executivo do Algarve Biomedical Centre que os investigadores utilizaram uma metodologia diferente. A equipa fez testes serológicos aos indivíduos da amostra para detetar dois tipos de anticorpos: os Ig M (imunoglobulina M) e Ig G (imunoglobulina G).
Nuno Marques esclarece que a combinação dos dois tipos de testes “aumentaram a sensibilidade” do estudo, uma vez que “ao longo do tempo vamos tendo menos vírus”, por isso os testes PCR perdem eficácia, mas “temos um aumento dos anticorpos”. Deste modo, quando conjugados os dois, existem alguns casos de infeção assintomática que pode passar despercebida, mas infetar outras pessoas.
Estes valores, podem “aumentar em muito a segurança das pessoas que estão em certos grupos e em certas áreas da população”. Esta ‘falsa segurança’, faz alguns cumprirem com menos rigor o confinamento. Contudo, é preciso explicar que estes dados “não podem ser extrapolado para outras zonas”. Loulé tem um baixo diagnóstico e estes estudos carecem de acompanhamento ao longo do tempo”.
Apesar de a taxa de infeção ser muito superior ao previsto, é “uma das percentagens mais baixas comparando com estudos europeus”, indica Nuno Marques.