Nos últimos dez meses, o Banco de Portugal recebeu mais de um milhão e meio de euros em notas danificadas, muitas devido à humidade, cortes e incêndios. A prática de enterrar dinheiro, ainda comum, agrava o problema, deteriorando as notas com o tempo. Este fenómeno repete-se há anos, com valores anuais superiores a um milhão de euros.
A fragilidade do dinheiro
De acordo com José Luís Ferreira, coordenador da área de operações com numerário do Banco de Portugal, existe uma perceção errada de que o dinheiro é indestrutível. “As pessoas acham que o dinheiro não se estraga. Não é verdade”, afirma ao jornal Público.
Entre os principais motivos para a deterioração do numerário estão práticas antigas e culturalmente enraizadas, como guardar dinheiro em locais improváveis por razões de segurança, uma prática que aumentou durante a pandemia. Muitos cidadãos preferiram manter reservas de valor em casa, resultando, agora, na apresentação dessas notas, muitas vezes inutilizáveis, ao Banco de Portugal.
O papel do Banco de Portugal
O processo de recuperação do valor de notas estragadas exige verificação cuidadosa. Em casos de dolo, o proprietário pode perder o valor das notas. “É necessário comprovar que o motivo do mau estado do dinheiro corresponde à descrição da pessoa que o entregou”, explica o Banco de Portugal.
Para notas rasgadas, por exemplo, utiliza-se um software especializado que analisa se os fragmentos pertencem à mesma nota. A nota de cinco euros destaca-se como a que mais frequentemente chega ao Banco em piores condições, devido à sua elevada circulação e uso diário.
Causas frequentes de danos
A humidade da terra, consequência de enterrar notas, é um dos fatores mais comuns para a degradação do dinheiro. Com o tempo, as notas ficam “roídas” e inutilizáveis. Incêndios também contribuem para a destruição, como foi observado em 2017, quando notas carbonizadas ou danificadas pela água usada para apagar fogos chegaram ao Banco de Portugal.
Além disso, fenómenos naturais, como inundações, são cada vez mais frequentes e devem aumentar os casos de notas danificadas, segundo Bruno Rato, coordenador da unidade central de operações com numerário.
O aumento de fraudes
O Banco de Portugal também enfrenta o desafio das fraudes, como notas esbranquiçadas alegadamente danificadas em máquinas de lavar, que se revelam, muitas vezes, dinheiro falso. Este tipo de tentativa de burla reforça a necessidade de verificações rigorosas em todas as notas entregues para troca.
A deterioração do dinheiro e a resposta do banco de Portugal
A ideia de que o dinheiro é indestrutível não podia estar mais errada. Guardar notas em condições inadequadas pode resultar na perda de valor, e fenómenos naturais, acidentes ou até práticas culturais perpetuam a deterioração de numerário em Portugal. O Banco de Portugal continua a desempenhar um papel crucial no processamento e verificação de notas danificadas, garantindo que os casos legítimos sejam resolvidos e os valores devolvidos aos seus proprietários.
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