O edifício do Emissor Regional do Sul, onde funciona o serviço público da rádio e televisão em Faro, vai ser classificado de interesse municipal. A decisão foi tomada na última reunião da Câmara Municipal de Faro.

Trata-se de uma iniciativa proposta pelo Partido Socialista que mereceu o acolhimento da restante vereação e do Presidente Rogério Bacalhau.
De acordo com o documento aprovado, o imóvel “apresenta um valor cultural relevante para o municipio, não só pelas caracteristicas arquitetónicas, mas também por ser portador de valores simbólicos que se refletem na memória coletiva do Algarve”.
O edifício retrata a estética e história de uma época do moderrnismo português de meados do seculo XX e é da autoria do arquiteto Artur Simões da Fonseca. A sua construção esteve a cargo de Engº Almeida Simões, da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
O imóvel faz parte da rede de edifícios regionais onde a então Emissora Nacional instalou os seus serviços a partir de 1947 e corre o risco de vir a ser demolido se se concretizar a intenção da Administração da RTP em alienar todo o terreno, numa área de 14.500 metros quadrados, adquirido à época pela Câmara Municipal de Faro.
O assunto que tem suscitado grande polémica em todo o Algarve, já foi objeto de uma participação junto do Ministério Público, com vista a travar a venda daquele património que a RTP quer alienar para especulação imobiliária. Mais recentemente, um grupo de antigos profissionais da RTP e cidadãos anónimos, apresentou aos partidos concorrentes às últimas eleições, um memorandum sobre o assunto.
Assunto está nas mãos do Ministério Público e dos partidos concorrentes às últimas eleições
A classificação do edifício como património da cidade e do Algarve, constitui um passo importante para a preservação de um imóvel com capacidade para acolher não apenas o serviço da rádio e televisão do estado, mas também a Agência Lusa, que atualmente funciona em casa dos jornalistas. Além disso, o grupo de antigos funcionários que entregou o memorandum aos partidos concorrentes pelo círculo de Faro, defende a instalação naquele edifício de um centro multimédia, em articulação com o curso de comunicação da Universidade do Algarve, e um núcleo museológico que reconstitua a evolução da rádio e da televisão em Portugal.
Para tanto há que defender o edifício e evitar que o terreno envolvente, que a Câmara de Faro adquiriu e pagou para o único fim de ali funcionar o serviço de radiodifusão, seja usado para fins especulativas. Aquele espaço, que hoje se localiza em zona nobre da capital algarvia, foi registado pela RDP (sucessora da Emissora Nacional) em 1985, invocando o direito de usucapião à revelia da Câmara Municipal de Faro, sua legítima proprietária. O caso está entregue ao Ministério Público e agora também aos partidos políticos com assento parlamentar.
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