
A associação DeVIR, sediada em Faro, lançou um abaixo-assinado na defesa do apoio financeiro do Governo aos programas culturais no Algarve e o seu diretor artístico disse à Lusa temer que o 365 Algarve termine este ano.
“Estamos no final de fevereiro e a senhora secretária de Estado do Turismo veio ao Algarve, falou de todos os projetos que tinha intenções de apoiar e nunca mencionou o 365”, disse à Lusa o diretor artístico da DeVIR, José Laginha.
O diretor artístico da associação justificou, assim, o lançamento do abaixo-assinado, realçando que, por esta altura, no ano passado, “há muito” que estavam abertas as candidaturas, mas “nada disso está a acontecer e ninguém sabe porquê”.
“Esta é a maneira de pressionarmos a senhora secretária de Estado a dizer o que vai acontecer: se há ou não 365 no próximo ano”, insistiu, deixando antever que o programa, financiado pelo Governo e destinado à oferta cultural em época baixa na região, poderá “não acontecer”.
A Lusa tentou contactar a secretaria de Estado do Turismo, sob a tutela do Ministério da Economia, mas fonte do ministério remeteu uma resposta para mais tarde. A Lusa pediu esclarecimentos também ao Ministério da Cultura, sem resposta em tempo útil.
Segundo José Laginha, o abaixo-assinado só surge agora porque acreditou que depois da apresentação do Orçamento do Estado, a secretaria de Estado do Turismo, encabeçada por Rita Marques, divulgaria “o que iria fazer”, mas “até agora não saiu nada”.
Considerando que esta situação “pode ser um mau sinal”, o dirigente defendeu ser este o momento para lançar o documento e criar alguma pressão, “antes que a senhora [secretária de Estado] diga que não”.
O promotor afirmou que, com esta iniciativa, não se pretende defender que se “mantenha o 365”, mas sim que o Governo “não descapitalize” ou deixe de apoiar atividades culturais que aconteçam no Algarve fora da chamada época alta.
No documento, a associação desafia a governante a esclarecer se vai “apoiar o 365 ou outro projeto qualquer” com o mesmo financiamento “ou mais ainda”, se for possível.
“Não é um abaixo-assinado a favor do 365, mas a pedir que a secretaria de Estado do Turismo não deixe de apoiar atividades culturais no Algarve, numa ação que vem já desde 1970. Não é algo novo”, relembrou José Laginha.
Sendo uma das regiões que gera uma elevada receita pela atividade turística, a associação defende que haja esse retorno que “agora também acontece em Lisboa e Porto”.
Contudo, realça José Laginha, essas duas cidades possuem um dinamismo próprio e uma oferta cultural “muito significativa e diversificada, algo que não acontece no Algarve”.
“Trata-se de um retorno financeiro que tem o objetivo de manter e até aumentar a oferta para os turistas”, sublinhou, acrescentando que a mensagem do documento é que o “turismo invista na cultura, para ter mais turismo”.
O abaixo-assinado, promovido pela associação DeVIR, desafia hoteleiros, agentes culturais, empreendedores, autarcas, jornalistas, artistas, espectadores e cidadãos interessados, a unir-se na defesa da cultura no Algarve.