A associação de defesa do ambiente Pró Barrocal Algarvio (Probaal) contestou esta terça-feira o projeto da instalação da central fotovoltaica de Estoi, no Algarve. Está prevista a instalação de 175.798 painéis solares numa das zonas mais ricas em biodiversidade da região.
Em comunicado, os ambientalistas argumentam que a central fotovoltaica vai, pois, afetar a zona de infiltração máxima do aquífero Peral/Moncarapacho, por causa da necessidade de escavar, retirar pedras e erradicar matos, “destruindo o que permite que a água que corre para aquele vale se infiltre no aquífero”.
Associação sustenta que a instalação da central afetará várias espécies protegidas de fauna e flora
Além do aquífero, a associação sustenta que a instalação da central afetará “várias espécies protegidas de fauna e flora que ali (ainda) se encontram”, numa área de Reserva Ecológica Nacional (REN) e de Reserva Agrícola Nacional (RAN).
“Precisamos de energia, mas precisamos, mais ainda, de água. E toda a energia do mundo não nos vai dar a água que precisamos”, aponta, considerando que a decisão de instalar a central numa zona de REN e RAN que é zona de infiltração máxima de um aquífero, está associada a “puras decisões de gestão”.
Ao mesmo tempo, adiantam os ambientalistas, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) “é pródigo em ocultações e estranhas confissões”.
O projeto promovido pela Iberdrola Renewables Portugal, cuja Avaliação de Impacto Ambiental se encontra em consulta pública até ao dia 20 de julho, compreende uma área de 154.000 hectares, abrangendo os concelhos de Faro, Tavira, São Brás de Alportel e Olhão.
De acordo com a informação disponível no portal Participa, a Iberdrola estima que a central fotovoltaica produza uma média anual de cerca de 144 GWh (Gigawatt-hora). A energia gerada vai ser coletada numa subestação própria, da qual partirá uma linha área para a subestação de Estoi.
Projeto da linha elétrica terá uma extensão estimada de cerca de 6,5 quilómetros
O projeto da linha elétrica terá uma extensão estimada de cerca de 6,5 quilómetros (Km), distribuída por 21 apoios, ligando a subestação a construir no concelho de Tavira e a de Estoi, da Rede Elétrica Nacional, no concelho de Faro.
De acordo como o promotor, a configuração e localização da central fotovoltaica de Estoi assentou num estudo técnico preliminar de grandes condicionantes num raio de 15 km, desde a Subestação de Estoi, resultando numa otimização sucessiva de soluções com vista a garantir a máxima eficiência da exploração e os menores impactes ambientais e económicos.
A empresa sustenta que as soluções de desenho e técnicas permitem reduzir as necessidades de área a ocupar para assegurar a ligação, a utilização de equipamentos de montagem fácil e rápida. Minimiza tanto quanto possível os impactes, possuindo baixas necessidades de manutenção.
Ao mesmo tempo que a configuração do projeto está adaptada às condições naturais do terreno, as áreas de impermeabilização foram reduzidas ao necessário para a instalação de todas as infraestruturas.
A otimização do traçado da linha elétrica permite reduzir a extensão ao ponto de ligação, minimizando os impactes e aproveitando o paralelismo a infraestruturas similares já existentes.
A Iberdrola refere ainda que o projeto é pioneiro na região do Algarve, por contar com o armazenamento de energia solar produzida em baterias.