No âmbito do Dia da Alimentação (16 Outubro) e do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza (17 Outubro), o Salão Nobre dos Paços do Concelho foi esta manhã palco da apresentação de uma colecção de quatro livros infantis lançada pelo Movimento Zero Desperdício e que pretende sensibilizar os mais novos para a problemática do desperdício alimentar.
Alguns alunos do 1º Ciclo de Loulé participaram nesta sessão e tiveram a oportunidade de ouvir duas histórias que fazem parte da colecção, mas também receberam alguma informação e mensagens das boas práticas que devem ser adoptadas, da parte dos responsáveis da Associação Dar i Acordar, Associação In Loco e Câmara de Loulé, entidades envolvidas no trabalho que tem sido desenvolvido no Concelho nesta matéria.
“O Tio Desafio” (Ana Maria Magalhães, Isabel Alçada e Carla Nazareth), “Confusão no Corredores dos Enlatados” (José Luís Peixoto e Catarina Bakker), “A Rita encolheu. E agora?” (Marta Hugon e António Jorge Gonçalves) e “A vida difícil de uma manteigueira” (Isabel Zambujal e Rodrigo Goulão de Sousa) são os livros que serão distribuídos gratuitamente a todos os alunos do 1º Ciclo (1º, 2º, 3º e 4ºs anos) das escolas do concelho de Loulé, ou seja, crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos.
Paula Policarpo, presidente da Dar i Acordar, dirigiu-se a estes alunos para passar a ideia de que é fundamental aprender a não desperdiçar alimentos em bom estado de conservação pois, para além dos muitos recursos usados até ao momento em que os alimentos chegam à nossa mesa, há muitas pessoas que não têm o que comer.
A associação pretende agora lançar uma outra colecção, directamente ligada a esta, dedicada à alimentação saudável e sustentável. “Temos que manter o Planeta com os recursos necessários para que possamos viver cá todos”, disse ainda.
Esta responsável do Zero Desperdício falou deste movimento de cidadania que tem como objectivo a consciencialização para a problemática do desperdício numa perspectiva de economia circular, ou seja, “de reaproveitar, reutilizar e manter na sua cadeia de valor tudo aquilo que é produzido pelo homem”. Para Paula Policarpo, “as gerações futuras só sobreviverão se formos parcos na utilização dos recursos naturais do Planeta e reutilizarmos o que tem valor”.
Da parte do projecto “Don’t waste our future – Não desperdices o nosso futuro”, Artur Gregório, presidente da Associação In Loco, entidade que colabora com os municípios de Loulé e de S. Brás de Alportel, trouxe a este momento um indicador que é bem elucidativo da missão do Movimento Zero Desperdício: só o que deitamos fora em condições é o suficiente para acabar com toda a fome em Portugal. “Basta conseguirmos aumentar a nossa consciência para este problema, reduzir o desperdício e passar esta informação a todos, que esses alimentos poderão ser distribuídos a quem deles necessita. Dessa forma, iremos reduzir um dos grandes problemas que temos hoje que é o da pobreza e da fome”, explicou Artur Gregório.
Nesse sentido, este projecto de âmbito internacional pretende “contribuir para um esforço crescente que as pessoas e as entidades estão a desenvolver em Portugal e noutros países em todo o mundo para reduzir o desperdício alimentar. “Mais do que produzir mais, é preciso desperdiçar menos”, frisou este responsável da In Loco.
Assim, numa lógica de sustentabilidade, o projecto “Don’t waste our future” tem vindo a trabalhar em três linhas de acção: sensibilização, informação e diagnóstico. “É necessário conhecer a dimensão do problema para sensibilizar e informar as pessoas, nomeadamente os mais novos”, explicou o presidente da In Loco.
Câmara de Loulé foi a primeira autarquia algarvia ao movimento em 2014
Já o presidente da Câmara de Loulé, a primeira autarquia algarvia a aderir a este movimento, em 2014, referiu que este é um município consciente dos seus deveres e responsabilidades para com as novas gerações, comunidade em geral e a natureza”.
O autarca é da opinião que a matéria do desperdício alimentar é também uma questão de ética pois é necessário que todos tenhamos noção “do que está certo e do que está errado”. “A adesão de Loulé a esta iniciativa pretendeu inscrever os novos valores de responsabilidade de vida colectiva relativamente ao ambiente, à justiça e à decência da vida. Estabelecemos compromissos, definimos um conjunto de objectivos, alguns deles estão em curso. Mas é preciso levar às crianças a noção de que hoje se produz muito mais do que necessitamos para viver e que o desperdício é um erro. Todos temos que passar por um processo de consciencialização”, frisou Vítor Aleixo.
Este será pois o caminho que o Município de Loulé pretende prosseguir e que se integra também noutras políticas de sustentabilidade que têm sido seguidas pelo executivo. “Este é um eixo estratégico da nossa acção colectiva. Olhamos para o mundo e percebemos que enquanto há pessoas que compram mais do que precisam, há outras pessoas, mesmo aqui em Loulé, que passam fome. Devemos corrigir o mundo de tal modo que ele seja um mundo onde todos se possam sentir bem. Não há investimento melhor do que na cultura das novas gerações, numa cultura responsável e ética em relação ao mundo e aos nossos semelhantes”, adiantou ainda o autarca louletano.