Avi Schiffmann tem 19 anos e é estudante em Harvard. Em fevereiro participou numa manifestação antiguerra em Balboa Park, na Califórnia, mas quando chegou a casa não conseguia parar de pensar que tinha de fazer algo mais para ajudar.
“Descobri que o que existia para ajudar os refugiados a encontrar refúgio era muito desajeitado e lento. Eram coisas como preencher formulários em sites do governo e esperar por uma resposta”, disse ao The Times of Israel. “Era preciso algo muito simplificado e intuitivo de usar. Os refugiados estão muito stressados, confusos e perdidos. Era necessário algo que cortasse a confusão.”
Nessa mesma noite, depois do protesto, Avi Schiffmann começou a trabalhar numa nova plataforma e na manhã seguinte passou a contar com a ajuda do amigo e colega de faculdade Marco Burstein (18 anos). Juntos criaram o Ukraine Take Shelter, “uma plataforma independente que conecta refugiados ucranianos com potenciais anfitriões e acomodação” e que foi lançada em apenas quatro dias, a 3 de março. Numa versão mais simples, replica o modelo do sistema do Couchsurfing.
Desde o início do conflito que pelo menos 2,8 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia, a maioria deles para a Polónia, que já recebeu mais de 1,7 milhões de refugiados. Muitos ficam em centros de acolhimento temporário até terem para onde ir.
É nesta etapa que os jovens querem ajudar, ao fornecer uma plataforma gratuita para procurar alojamento: podem inserir o nome da cidade desejada e encontram uma lista de anúncios de pessoas disponíveis para os acolher.
Segundo anunciado pelo próprio Avi Schiffmann no Twitter, o site conta já com mais de 618 mil utilizadores. O duo responsável pretende ainda adicionar uma secção que permita procurar trabalho nos seus novos países de acolhimento.
Os anfitriões precisam apenas de criar uma conta para poderem atualizar os seus anúncios. “Um anfitrião pode ser uma família ou uma universidade com espaço para 50 pessoas nos seus dormitórios. Organizações que providenciem ajuda também podem publicar no site”, explicou Avi Schiffmann. “É como um boletim público”, sintetizou à NBC Boston.
QUEM SÃO AVI SCHIFFMANN E MARCO BURSTEIN?
Avi Schiffmann é web developer e estudante do primeiro ano do curso de Neurofilosofia na Universidade de Harvard. É o filho mais velho de uma família judia, sendo o pai biólogo e a mãe médica. Já viveu em quatro países diferentes (Reino Unido, Irlanda, Israel e EUA, onde reside atualmente).
É considerado um jovem promissor. Com apenas sete anos, aprendeu a desenvolver código sozinho a partir de vídeos tutorias no YouTube. Há dois anos, foi notícia por ter, aos 17 anos, desenvolvido um site que permitia acompanhar a pandemia minuto a minuto.
Também Marco Burstein é considerado um prodígio. O jovem, que começou a aprender código aos oito anos, já tinha desenvolvido vários projetos – incluindo a app JamSlide (que permite transferir listas de músicas do Spotify para a Apple Music) e a DashBrain (que visa melhorar a qualidade das videochamadas).
Burstein, que também está no primeiro ano de Harvard, venceu o Google Code-in 2017, uma competição internacional de programação, e a Apple’s 2019 WWDC Scholarship.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL