O novo projeto de investigação Algae4IBD, financiado pela União Europeia e que tem como parceiro o Centro de Ciências do Mar (CCMAR), da Universidade do Algarve, pretende identificar compostos de algas que sejam eficazes contra a doença inflamatória do intestino (DII) e transformá-los em alimentos funcionais e novos medicamentos.
“Em todo o mundo, mais de 6,8 milhões de pessoas sofrem de DII e outras doenças do sistema digestivo. A doença inflamatória do intestino, que abrange a Colite Ulcerosa e a Doença de Crohn, é uma desordem nos intestinos que causa uma inflamação prolongada. Este tipo de doenças, prejudica o sistema digestivo e está associado a um risco elevado de cancro colorretal”, explica o CCMAR.
As opções de tratamento existentes são dispendiosas e nem sempre resultam eficazmente em todos os pacientes. “As pessoas que sofrem desta doença querem uma solução e já estão muito entusiasmadas com a perspetiva de que ela possa vir do nosso projeto”, afirma a coordenadora, Dorit Avni do instituto de investigação MIGAL, em Israel.
A prevalência da DII tem vindo a aumentar nas últimas décadas, especialmente nos países desenvolvidos, e está a afetar os grupos etários mais jovens. As algas podem ser o ingrediente que falta e que este consórcio espera acrescentar aos alimentos funcionais – como cereais e batidos – para prevenir, tratar e diminuir os sintomas da DII.
“A pesquisa de compostos bioativos em algas e microalgas é um trabalho que está a ser desenvolvido há alguns anos, no CCMAR, e tem provado que estes organismos têm um potencial enorme para o desenvolvimento de novos produtos com aplicação nas indústrias alimentar e farmacêutica, entre outras”, afirma a investigadora Luísa Barreira.
Entre 14 e 15 de junho, os 21 parceiros juntaram-se para uma reunião de lançamento deste novo projeto que conta com parceiros em 11 países europeus: investigadores e especialistas em crescimento e produção de algas, gastroenterologistas, empresas de desenvolvimento de alimentos funcionais, e pequenas a médias empresas farmacêuticas.
Este grupo multidisciplinar traz os conhecimentos necessários para desenvolver os produtos que irão, espera-se, prevenir e tratar esta doença. Fazem parte deste projeto os nossos investigadores Luísa Barreira, João Varela, Dina Simes e Carla Viegas, e ainda o nosso parceiro Greencolab.
“O lançamento deste projeto do Horizonte 2020 pode ser uma importante fonte de esperança para todas as pessoas que lidam diariamente com este tipo de doença na Europa e em todo o mundo”, conclui o CCMAR.