Não houve mortos, nem feridos. Na verdade, nem tsunami chegou a haver, mas o pânico instalou-se entre os milhares de banhistas espalhados pelas praias do Algarve na manhã de 22 de agosto de 1999, um domingo. Era um dia de calor extremo, as praias da região foram evacuadas e havia até relatos de aviões comerciais e embarcações que falavam numa onda gigante que se dirigia para a costa. Mas já lá vamos.
Em dia de pleno verão, entre os milhares de banhistas que se distribuíam pelos areais do Algarve estava o governador civil de Faro à época, Fialho Anastácio. Segundo avançou ao Público em 2019, foi entre mergulhos que recebeu uma chamada de Lisboa. “Sabe alguma coisa de uma onda gigante aí, no Algarve?”, pergunta-lhe o então ministro da Administração Interna, Jorge Coelho.
O gatilho para uma história que viria a ser recordada para sempre estava acionado e a primeira coisa que Fialho Anastácio fez foi alertar a Proteção Civil, que ainda não estava informada. Entretanto, a notícia do avistamento da tal “onda gigante” já corria pelas rádios da região e o então capitão do porto de Portimão, Carvalho Araújo, já tinha ordenado a evacuação das praias.
Perto da hora de almoço, a Polícia Marítima entra de jipe pelas praias do Algarve para ordenar a evacuação das mesmas. Enquanto alguns banhistas, assustados, entraram nos seus carros e seguiram até à serra de Monchique, para garantirem que estavam protegidos, outros limitaram-se a sair da praia e a ficar à espera de que algo realmente acontecesse. Na Praia de Quarteira, por exemplo, muitos ficaram na marginal como se nada fosse acontecer.
Afinal era tudo ilusão de ótica
O que é certo é que não houve efetivamente qualquer tsunami e tudo não passou de uma ilusão de ótica, originada pela refração da luz, num dia muito quente. No entanto, aviões comerciais e embarcações alimentaram o boato, fazendo crer que havia mesmo uma onda gigante prestes a invadir o Algarve.
A verdade é que este falso tsunami fez com que, pouco tempo depois, a Universidade do Algarve em colaboração com outras instituições universitárias desenvolvesse um estudo sobre o risco sísmico da região. Foi ainda criado um Plano de Emergência para acionar em cenários de catástrofe.
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