Os roubos em pomares no Algarve levou produtores, forças de segurança e outras entidades a reunir-se hoje para reforçar a luta contra este problema, que aumenta consoante a cotação dos produtos agrícolas, disseram à Lusa várias fontes.
“O objetivo é fazer uma articulação de proximidade entre várias entidades para conseguir prevenir, dissuadir e reduzir o problema dos furtos agrícolas”, disse à agência Lusa o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve responsável pela área da agricultura, Pedro Valadas Monteiro.
Para este responsável regional, os furtos de produtos agrícolas são fenómenos cíclicos que tendem a aumentar com o preço de mercado de alguns deles, nomeadamente, dos citrinos, da alfarroba e, ultimamente, do abacate.
De acordo com o vice-presidente da CCDR, é importante aumentar a fiscalização e a presença das forças de segurança no terreno para contrariar este flagelo e reduzir a preocupação dos produtores.
Segundo a Federação dos Agricultores do Algarve, anualmente são furtadas 3.500 toneladas de citrinos num valor (ao produtor) superior a um milhão de euros. Nos últimos três meses, o furto de 50 toneladas de abacate rendeu 150 mil euros.
O grupo de trabalho que esteve reunido foi criado em 2016 por causa do furto de citrinos – principalmente laranjas -, e depois foi alargado aos furtos de alfarroba e abacate.
No encontro em Faro estiveram representantes da CCDR Algarve, que organizou a reunião, da GNR, da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), da Autoridade Tributária e Aduaneira, da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e da Federação da Agricultura do Algarve (Fedagri).
A vice-presidente da Fedagri, Diana Ferreira, deu conta da intensificação dos furtos de abacate, mas recordou que o roubo de citrinos e alfarrobas também são “problemas crónicos” há já vários anos.
Na última semana, as autoridades apreenderam mais de uma tonelada de abacate e detiveram um total de seis pessoas por furto de abacate na zona de Tavira, onde se concentram grande parte dos pomares deste fruto.
Segundo fontes ouvidas pela Lusa, os roubos acontecem quando os pomares estão a ser tratados, o que pode colocar problemas para a saúde pública, já que os frutos estão com um teor de produtos químicos mais elevado do que estariam habitualmente.
Na reunião esteve ainda um representante da Câmara de Tavira, que apresentou o programa “Tavira + Segura”, com um eixo para a agricultura que no futuro poderá ser alargado a todo o Algarve e ajudar na luta contra os furtos.
A adesão a este programa é voluntária, sendo a cada terreno registado atribuído um código único que deve ser colocado no local, numa placa criada para o efeito.
Cada registo associado a um terreno está numa base de dados central com a identificação de pessoas que costumam circular na área e outros dados, como de georreferenciação, que podem ajudar a seguir movimentos suspeitos, permitindo que a GNR ou outras entidades cheguem rapidamente aos locais problemáticos.
Leia também: Preço do azeite vai descer a pique em 2025. Saiba quanto vai custar a garrafa