Há quem diga que a luxúria e a integridade não se falam. Eu acho que elas até se falam, mas só para se insultarem. A luxúria, provocadora, com o seu ar de quem dorme em lençóis de seda e vive de champanhe ao pequeno-almoço, olha para a integridade como quem vê uma pessoa que nunca pediu sobremesa. E a integridade, coitada, responde com um olhar piedoso, como quem diz: “Mais vale uma consciência limpa do que uma vida de excessos.” O problema é que a luxúria nem sabe o que é isso. Consciência? Só se for da próxima festa.
No Algarve, este duelo brilha como o sol de julho, cada uma a puxar para o seu lado. A luxúria adora as festas em Vilamoura, com iates que valem mais do que a economia de algumas nações, onde a única preocupação é escolher o ângulo certo para a selfie no pôr do sol. A integridade, por outro lado, é aquela pessoa que prefere a simplicidade de um mergulho na praia de Cacela Velha, com o fato de banho de há dez anos e um pão com chouriço na lancheira. Enquanto a luxúria vive para ostentar, a integridade vive para existir.
Mas, sejamos honestos, a luxúria tem a sua graça. É difícil não sentir um certo fascínio por quem parece viver numa novela. Tudo é glamour: o carro alugado que custa mais por dia do que o nosso ordenado, as roupas que gritam “influencer” em todas as línguas e aquele perfume caro que, na verdade, cheira exatamente ao mesmo que o frasco barato do supermercado. A integridade, com a sua honestidade quase insuportável, prefere as coisas práticas: um carro que anda, roupas que não saíram da moda só porque nunca lá estiveram, e um desodorizante que cheira a nada (porque, afinal, o importante é ser invisível).
E no amor? Ah, aí o duelo ganha uma intensidade digna de novela mexicana. A luxúria vive de paixões fugazes, beijos roubados e promessas que nunca tenciona cumprir. É aquela turista francesa que conhece o algarvio no bar e, antes do amanhecer, já desapareceu, deixando apenas um rasto de Chanel e arrependimento. A integridade, por outro lado, é quem passa a vida a procurar “o tal”, com listas intermináveis de requisitos que só alguém como o D. Quixote cumpriria. Mas há uma coisa que a integridade tem que a luxúria nunca terá: estabilidade. Porque a luxúria cansa. Ninguém aguenta viver sempre com esse fogo no rabo (passe a expressão).
No entanto, seria injusto dizer que a luxúria não tem o seu lado positivo. Ela faz-nos sonhar, sair da rotina e arriscar. É a razão pela qual às vezes compramos o vinho mais caro no restaurante ou fazemos aquela viagem só para comer ostras em Olhão. Mas, sem integridade, a luxúria seria um caos. Quem é que quer viver num mundo onde ninguém sabe o significado de compromisso, de palavra ou de “pago eu a conta desta vez”?
E se pudermos, por um momento, imaginar que estas duas andassem de mãos dadas? Seria como o Algarve perfeito: o brilho da Marina de Lagos combinado com a serenidade do Pontal da Carrapateira. Um mundo onde podemos ser intensos e autênticos, viver paixões e ainda assim dormir tranquilos.
Por isso, descobre tudo o que quiseres sobre este duelo. Mas depois conta-me, com detalhes, e, já agora, diz-me: a luxúria vale o preço da consciência? Ou é a integridade que, no fim, nos dá a verdadeira paz? Seja qual for a resposta, eu estou aqui, a meio caminho, com uma cerveja na mão e uma perna na areia. Luxúria ou integridade, pouco importa. Desde que seja genuíno, está tudo certo.
Leia também: Descobre e depois conta-me tudo sobre Vaidade vs Humildade (1/7)