As chuvas recentes trouxeram um reforço significativo às albufeiras do Algarve, acrescentando mais 52 milhões de metros cúbicos (hm³) às reservas das seis barragens da região, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Esta recuperação permitiu uma subida na capacidade total de armazenamento, de 34% para 45%.
A APA prevê que estes valores continuem a aumentar, graças à continuidade do escoamento das ribeiras. No entanto, os ganhos não foram uniformes. O Sotavento Algarvio registou uma recuperação expressiva de 42 hm³, elevando as reservas das suas duas barragens para 67%. Em contrapartida, o Barlavento observou apenas um aumento de 10 hm³, com as suas reservas ainda limitadas a 31% da capacidade total. As bacias hidrográficas da Bravura e do Arade permanecem em seca hidrológica extrema, enquanto o Sotavento conseguiu transitar para uma situação de seca hidrológica fraca.
Comparativamente a janeiro de 2024, há um aumento de 62 hm³ nas reservas. No início de 2024, o Algarve enfrentava uma das secas mais severas de sempre, que levou à declaração de situação de alerta e à implementação de restrições no consumo. A recuperação iniciou-se em março de 2024, alcançando então 45% da capacidade total.
Apesar dos progressos, a situação de seca hidrológica persiste, especialmente no Barlavento. As reservas atuais ainda não garantem a interanualidade dos recursos hídricos na região, evidenciando uma significativa assimetria entre o Sotavento e o Barlavento. A APA irá avaliar a possibilidade de rever as medidas restritivas atualmente em vigor, mas continuará a monitorizar diariamente a situação hídrica e os consumos, de forma a assegurar reservas suficientes para o abastecimento público durante um ano.
No que diz respeito às águas subterrâneas, a situação continua crítica, especialmente no setor ocidental do aquífero Querença-Silves, que desempenha um papel vital no abastecimento público e na rega agrícola. Apesar de a precipitação do final de 2024 e a redução da extração terem contribuído para a estabilização dos níveis subterrâneos, os registos piezométricos de dezembro mostram valores historicamente baixos em alguns pontos de monitorização. As águas subterrâneas, devido à sua geomorfologia, têm períodos de recuperação mais longos, que podem variar de meses a anos.
A nível nacional, o volume total armazenado mantém-se em 72%, segundo a APA.
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