O Plano de Desenvolvimento Social do Algarve (PDSA), o primeiro projeto de dimensão regional do género no país, foi apresentado esta segunda-feira e será concretizado com 12 programas que pretendem combater problemas sociais específicos, disse à Lusa fonte da AMAL.
Pobreza, habitação, imigração, apoio à infância, educação, igualdade de género e violência doméstica, trabalho, economia social, inclusão de pessoas com deficiência, saúde mental, envelhecimento ativo e participação cívica são as áreas focadas, de uma perspetiva supramunicipal, no projeto da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL).
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Apesar do trabalho feito nas múltiplas respostas de âmbito local, da responsabilidade das autarquias, aos problemas do setor social, “houve necessidade de elevar um pouco a intervenção e passar a ter algumas medidas de caráter supramunicipal” e uma articulação que garanta mais eficácia e benefícios, explicou à Lusa o primeiro-secretário da AMAL, Joaquim Brandão Pires.
“É [um plano] inovador, na medida em que não há nenhum, tanto quanto eu sei, a nível de uma CIM [comunidade intermunicipal]. (…) Porque as políticas sociais foram sempre muito locais e nacionais, e esta instância regional é a primeira vez que aparece. Isso é um aspeto inovador deste plano”, sublinhou.
O processo, que contou com o envolvimento dos 16 municípios algarvios, do Centro Distrital da Segurança Social de Faro e de várias entidades públicas e do setor social, arrancou antes da pandemia de covid-19, a partir da consciência da situação social do Algarve, que é “bastante grave”, considerou o dirigente.
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A primeira fase do Plano de Desenvolvimento Social do Algarve 2023-2030 passou por estabelecer um diagnóstico “único, que nunca terá sido feito no Algarve, porque é muito abrangente e muito cru”, assinalou, retratando uma situação “preocupante” a vários níveis.
“Penso que [a situação] é preocupante e que o resto do país, e grande parte da região também, não têm muito essa consciência”, referiu Brandão Pires, exemplificando com a elevada taxa de pobreza – que afeta milhares de trabalhadores e crianças –,a precariedade no emprego – mais de metade dos empregos no Algarve são contratos a prazo –,o insucesso escolar, a falta de acesso à habitação e as más condições na saúde.
Os objetivos centrais do plano passam por combater a pobreza, preparar a região para os desafios demográficos, promover o emprego digno, o bem-estar e a qualidade de vida da população nas áreas da habitação, saúde e educação, reduzir as desigualdades e eliminar assimetrias de género e combater a violência doméstica.
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Para isso, foram definidos 12 programas de ação a implementar até 2030, que incluem metas fixadas, medidas a desenvolver – por municípios, AMAL, parceiros sociais, administração descentralizada e Estado – e meios a afetar, também com recurso a fundos comunitários.
A Estratégia Regional de Combate à Pobreza está pronta a avançar, com um conjunto de medidas transversais, seguindo-se, a curto prazo, a Estratégia Regional para o Acesso à Habitação, o Programa Regional de Apoio à Infância, o Programa Regional para o Combate ao Insucesso e Abandono Escolar, o Programa Regional para a Igualdade de Género e Combate à Violência Doméstica e o Programa Regional para a Integração de Imigrantes.
A médio prazo, avançam a Agenda Regional para o Trabalho Digno, o Programa Regional para a Valorização da Economia Social, o Programa Regional para a Inclusão de Pessoas com Deficiência ou Incapacidade, o Programa Regional para a Saúde Mental, o Programa Regional para o Envelhecimento Ativo e Saudável e, por fim, o Programa Regional para a Promoção da Participação Cívica.
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“Vamos tratar cada um destes temas, com seminários específicos e com destinatários também muito específicos, para testar o que estamos a pensar propor e encontrar novas soluções”, adiantou Brandão Pires, remetendo para esses momentos o anúncio das “centenas de medidas” globalmente previstas.
A execução e implementação do PDSA ficará a cargo de uma plataforma de acompanhamento, formada pelas entidades regionais envolvidas.
O plano foi apresentado em Faro na presença da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
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