João Rendeiro não é o único caso de pessoas que tentaram fugir à mão dos tribunais portugueses ao longo das últimas décadas.
JOÃO VALE E AZEVEDO
Ex-advogado e ex-presidente do Benfica, João Vale e Azevedo saiu de Portugal duas vezes depois de terem sido emitidos mandados de detenção para cumprimento de penas.
Chegou a estar preso preventivamente em 2001.
Em causa, estava a transferência do guarda-redes russo Ovchinnikov, em que Vale e Azevedo se apropriou de 650 mil euros usados para a compra de um iate.
Mas ainda em 2001, saltam outros casos para os tribunais que decidem a prisão efetiva.
Cumpre cinco sextos de uma pena de 11 anos e meio, em cúmulo jurídico, mas só os cumpre depois de ter sido detido em Inglaterra e extraditado para Portugal, em 2012.
Quatro anos depois sai em liberdade condicional, obrigado a apresentações periódicas e proibido de se ausentar do país.
Contudo, volta para Londres, dias antes da emissão de um mandado de detenção para cumprir uma outra pena de 10 anos de prisão relacionada com burlas ao Benfica nas transferências de jogadores.
Em junho de 2018, o homem que declarava viver apenas com 441 euros por mês e dos legumes que cultivava numa horta em Sintra, fretou um jato privado por cerca de 20 mil euros e partiu do Aeródromo de Tires rumo à capital inglesa.
Já em Abril deste ano, um tribunal do Reino Unido declarou que Vale e Azevedo está exonerado de insolvência, o que quer dizer que estão perdoadas as dívidas de 60 milhões de euros, dos quais cerca de 15 milhões foram desviados do clube da Luz por via da transferência de jogadores e da venda de terrenos.
FÁTIMA FELGUEIRAS
Saiu para o Brasil no dia 5 de maio de 2003, depois de saber que o acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães decretava a prisão preventiva.
Passado um mês, seria do Rio de Janeiro que Fátima Felgueiras falaria.
Acusada dos crimes de peculato e de abuso de poder, a autarca socialista estava envolvida no chamado caso Saco Azul, que tinha rebentado em 1999 e que denunciava um esquema na Câmara Municipal de Felgueiras que incluía viagens, utilização dos meios da autarquia e negócios com empresas.
Com dupla nacionalidade, Fátima Felgueiras regressaria dois anos depois, em setembro de 2005.
Foi detida no aeroporto, mas aguardou julgamento em liberdade.
Ainda fez um mandato novamente como presidente da Câmara Municipal de Felgueiras.
Em 2012, o Tribunal da Relação de Guimarães confirmou a absolvição de Fátima Felgueiras dos 23 crimes de que tinha sido formalmente acusada.
PEDRO CALDEIRA
Também absolvido de todos os crimes, Pedro Caldeira acabaria, mesmo assim, por pagar a dívida.
O protagonista do escândalo bolsista, no final dos anos 80 e início dos 90, tinha deixado em Portugal uma dívida de mais de 12,5 milhões de euros.
O famoso e bem sucedido corretor de bolsa português prejudicou o Estado e dezenas de credores.
A 23 de julho de 1992, entrou num avião em Madrid e saiu em Miami, nos Estados Unidos.
Oito meses depois, seria detido por agentes armados do FBI num hotel de luxo em Atlanta, onde estava com a família.
É extraditado para Portugal e oito anos mais tarde absolvido.
PADRE FREDERICO
Quem saiu e não voltou foi o padre Frederico, condenado a 13 anos de prisão pelo assassinato de um jovem de 15 anos e por crimes de natureza sexual.
A decisão de um tribunal de júri no Funchal foi conhecida em 1993.
Frederico Marcos da Cunha ainda cumpriu pena no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.
Contudo, no dia 7 de abril de 1998, aproveitou uma licença de saída precária e fugiu para Copacabana, no Rio de Janeiro, onde acabou protegido pelas regras de extradição entre Portugal e o Brasil.
– Notícia da SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL – VEJA AQUI O VÍDEO