Quando surgiram os telemóveis, criaram-se certos hábitos na altura imprescindíveis para o bom funcionamento dos aparelhos, nomeadamente para não degradar a bateria. Quem viveu essa época de revolução ao nível das telecomunicações, deverá lembrar-se por exemplo de como era importante realizar carregamentos completos, ou seja, até 100% da capacidade. Na altura, esse era de facto um aspeto a ter em conta, mas será que hoje ainda é assim?
Na primeira geração de baterias, o carregamento total era crucial, mas essa questão foi completamente superada com as baterias de iões de lítio, que estão actualmente em uso generalizado. No entanto, existem ainda muitas pessoas que continuam a ter essa crença. Este é um dos mitos mais generalizados sobre a utilização dos telemóveis, aqui ficam algumas das crenças mais populares:
- Não se deve carregar o telemóvel durante a noite
O risco de sobrecarga é inexistente nos smartphones. Os aparelhos atuais têm sistemas inteligentes que gerem a carga, de forma a que quando a bateria atinge o nível máximo, a entrada de energia adicional é interrompida.
“Em geral, as baterias são substituídas por degradação natural. É muito difícil danificar uma bateria moderna devido a carregamento incorreto”, explica ao El País Javier Sánchez-Romero, CEO da Bemovil, empresa que se dedica à reparação de telemóveis.
Assim, ao contrário do que acontecia anteriormente, pode-se deixar o aparelho a carregar durante a noite sem qualquer problema de segurança.

- É preciso fechar aplicações para otimizar o desempenho do aparelho e da bateria
Os telemóveis têm agora capacidade suficiente para gerir esses recursos e, além disso, o fecho forçado de aplicações pode piorar o desempenho do aparelho.
Os sistemas “adormecem” os aplicativos que não são usados e assim permanecem até que sejam novamente utilizados. Assim, forçar o fecho completo força o sistema a recarregar tudo novamente e mais recursos são consumidos do que simplesmente mudar a aplicação “Não é necessário fechar cada aplicativo depois de o usar”, explica ao El País Santiago Izquierdo, director técnico de produto da Samsung Electronics Iberia. “O fato de permanecer aberta torna mais rápido a inicialização na próxima vez que for usada, pois não precisa ser carregado novamente”, acrescenta o especialista.
- É melhor desativar o wi-fi e o bluetooth para economizar bateria
A realidade atual parece ser totalmente contrária a esta antiga máxima. A Apple divulga até no site a seguinte indicação: “Existem duas maneiras muito simples de economizar bateria: ajustar o brilho da tela e usar o wi-fi”. Assim, essa tecnologia parece ser mais eficiente no consumo de recursos do que a conexão direta de dados com a operadora. Além disso, os smartphones usam essa conexão sem fio para geoposicionar o dispositivo em vez do GPS, que consome mais bateria e só é ativado quando uma aplicaçao o exige.
“Um dos problemas é substituir a rede wi-fi por dados móveis quando há uma boa rede wi-fi. Se usarmos 4G na rua, já estamos usando mais bateria do que tendo o wi-fi ativo. É preciso mais bateria para encontrar uma boa cobertura do que ter o wi-fi ativo”, explica Fran Besora, criador da comunidade Apple Twitter.
Em relação às novas versões de bluetooth, projetadas para ter um impacto insignificativo na bateria Nos testes de consumo, não se verificam diferenças quando ativado e desativado. No entanto, quando a conexão bluetooth está a ser muito usada, por exemplo para ouvir música, naturalmente que neste caso o consumo afeta o desempenho da bateria.

- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL