
O movimento espontâneo de cidadãos “Acorda Algarve” vai organizar uma manifestação de sensibilização em Albufeira, de modo a exigir que os mesmos tomem medidas para que a economia e as famílias do Algarve sobrevivam neste momento de pandemia da covid-19.
“A nossa região necessita de apoios governamentais e medidas concretas que nos ajudem a sobreviver e a manter postos de trabalho durante este momento tão peculiar em que se vive, que nos tem impedido de trabalhar e contribuir para os rendimentos das nossas famílias e empresas”, explica o movimento em comunicado.
Entre as exigências que reclamam, estão as respostas mais concretas por parte do Governo e medidas de apoio que permitam os cidadãos “sobreviver numa região que se encontra completamente estagnada”, uma vez que vive “exclusivamente do setor do turismo”. O “Acorda Algarve” refere que “a carga fiscal atual é incomportável, quando não existe receita suficiente e quando mais de 90% das empresas locais estão incapacitadas de gerar fundos para cumprir com as suas obrigações para com o estado e para com os seus colaboradores”.
Após a pandemia, “queremos continuar a contribuir para o crescimento económico e social da nossa região, do nosso país, mas para isso necessitamos de soluções e medidas ajustadas à região e apoios reais e concretos a investimentos na economia, e em todos os setores nomeadamente, à agricultura, às pescas, à hotelaria, restauração e similares, ao setor da cultura, da educação, dos transportes, dos acessos à região”, explicam.
A região do Algarve é, direta e indiretamente, responsável por mais de 10% do PIB de Portugal. Contudo “somos a região do país, a par do Alentejo, com a pior cobertura de serviços médicos, de estradas, caminhos de ferro e outros transportes públicos. Não existe apoio à indústria que, aliás, desapareceu completamente da região, assim como a cultura, que ficou completamente esquecida”.
A manifestação acontece no dia 21 de novembro, pelas 11:00 horas, em frente ao edifício da Câmara Municipal de Albufeira. O objetivo é que esta seja pacífica e respeite todos os presentes, para além das regras da Direção-Geral de Saúde, como o uso de máscara e o distanciamento social.
“Exigimos medidas eficazes no combate à precariedade dos contratos na hotelaria e restauração, que normalmente não vão além dos nove meses, o combate aos baixos salários, mais proteção para quem trabalha a recibos verdes e descida da Carga fiscal de acordo com a sazonalidade da região”, frisam no comunicado. O movimento defende que o Algarve necessita de uma política e de medidas diferentes do resto do país pelas especificidades que apresenta.
Também em Faro, este sábado, pelas 10:30 horas, acontece a manifestação “Pão e Água”, uma “chamada de atenção” ao Governo por parte de um grupo de empresários e trabalhadores que se dizem “esquecidos” e “injustiçados” com as medidas de apoio à covid-19,
No Algarve, para além de São Brás de Alportel, estão na lista de concelhos de risco covid-19 Faro, Albufeira, Portimão, Lagos, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António. Com o estado de emergência em vigor desde dia 09 de novembro, vários municípios entraram no grupo de risco elevado para a transmissão da doença provocada pela SARS-CoV-2, tendo de obedecer a um conjunto de novas regras, como o recolher obrigatório, novos horários e ainda o fecho às 13:00 horas no fim de semana.
Portugal contabiliza hoje mais 61 mortos relacionados com a covid-19 e 6.489 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 3.762 mortes e 249.498 casos de infeção, estando ativos 82.736, mais 1.352 do que na quinta-feira.
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