A Conferência Episcopal chama-lhe um “drama na vida da Igreja”. Refere-se aos casos de abuso sexual de menores por padres e outros elementos da organização que está agora a ser investigado em Portugal de uma forma inédita. Depois de ter encaminhado para o Ministério Público 16 das 290 participações que recebeu, a Comissão Independente vai ter acesso total aos arquivos das várias dioceses da Igreja Católica Portuguesa.
Segundo um comunicado da Conferência Episcopal, que reuniu a Assembleia Geral durante quatro dias, a comissão liderada por Pedro Strecht constituiu uma equipa de “historiadores e arquivistas” que será chefiada pelo historiador Francisco Azevedo Mendes que terá como missão “estudar este drama na vida da Igreja”.
Objetivo: “Chegar de forma inequívoca e eficaz ao esclarecimento e à verdade dos factos através do estudo dos arquivos históricos existentes em cada diocese”. Ou seja: a comissão vai ter acesso total aos arquivos da Igreja e a eventuais queixas que tenham sido feitas no interior da organização religiosa, mas que não tiveram consequência penal ou mesmo disciplinar contra os padres suspeitos.
Há duas semanas, a Comissão queixou-se do facto de alguns bispos não se terem disponibilizado para serem entrevistados para este trabalho, incluindo o presidente da conferência episcopal, Dom José Ornelas. Segundo uma fonte da comissão, os bispos que ainda não falaram garantiram que o fariam depois desta Assembleia Geral.
No comunicado, os responsáveis da Igreja “reafirmam um sentido pedido de perdão” e o “empenho em ajudar a curar as feridas”. E agradecem “a quem se aproximou para contar a sua dura história”.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL