Ao longo das décadas seguintes, esse mediatismo foi-se refletindo em praticamente todas as áreas de atividade. Mas, numa delas, o impacto foi especialmente dramático. Trata-se do mercado de entretenimento que, em poucos anos, precisou de se reinventar, tanto na forma quanto, principalmente, no conteúdo.
A indústria do entretenimento já possuía um histórico de reinvenções recentes, na medida em que os avanços dos formatos dos media foram impulsionando produtores e distribuidores a adaptarem-se aos novos suportes.
Contudo, a revolução da informação não criou apenas uma nova plataforma, sem media – os serviços de streaming – como criou um novo perfil de público. Isto porque, com a facilidade de aceder ao streaming com um simples pressionar do telecomando, juntamente veio o desejo de encontrar, a cada nova entrada, algum novo conteúdo.
A primeira vaga consistiu em incorporar aos catálogos obras já existentes, com cada plataforma a procurar o melhor acordo com os estúdios produtores. Na segunda vaga, os papéis confundem-se. Estúdios passam a oferecer os seus próprios serviços de streaming, um movimento clássico de eliminação do intermediário. E as plataformas, por sua vez, passam a produzir os seus próprios conteúdos, uma atitude sábia, que mitiga o risco de ficarem sem conteúdo relevante. Em pouco tempo, as produções de plataformas como Netflix ou Amazon Prime passam a rivalizar com as de estúdios tradicionais, e a disputar os prémios mais cobiçados da indústria cinematográfica.
As plataformas de áudio, como Deezer ou Spotify, também são um desdobramento da revolução da informação, e também procuram incessantemente por novos conteúdos, porque assim também o fazem os seus utilizadores. Basta ver a procura que Maro e a canção “Saudade, saudade” teve no Spotify para perceber como artistas e plataformas se combinam neste processo.
A área do divertimento eletrónico também vive um boom de novos conteúdos. As tradicionais consolas de videojogos de renome, como a PlayStation, da Sony, preocupam-se em oferecer aos seus utilizadores novos jogos a cada mês, quando não é a cada semana. E também o mundo dos casinos online, como a PokerStars Casino, além da tradicional variedade de atrações como roleta, blackjack e slots, oferecem títulos exclusivos como uma forma de diferenciação da concorrência.
Por outro lado, até mesmo as equipas de futebol têm procurado novos tipos de conteúdo para comercialização, além do jogo em si. Muitos clubes pelo mundo já lançaram os chamados fan tokens, uma espécie de moeda virtual que permite ao seu comprador aceder a conteúdos exclusivos, como eventos, descontos ou presentes especiais. E, no caso do fan tokens, ainda há a possibilidade de deixar que o próprio utilizador escolha qual o conteúdo que gostava de receber.
No entanto, nem tudo são flores no mercado de conteúdo do entretenimento. Há críticos que questionam se será possível manter a produção em níveis crescentes sem abrir mão da qualidade. De facto, se olharmos para o cinema e para as plataformas de streaming, muitos títulos de qualidade duvidosa têm sido lançados, talvez apenas para saciar a constante fome por novidades das plateias.
Por outro lado, há quem diga que más produções sempre existiram, e que afinal a proporção entre boas e más obras não é tão diferente hoje do que era no passado. E, em última análise, o espetador tem sempre a possibilidade de não assistir a um determinado conteúdo – ou assisti-lo em fast forward, se lhe entedia. E, adicionalmente, o aumento exponencial de conteúdo fará, inevitavelmente, que surjam algumas pérolas vindas de lugares inesperados, como no caso do aclamado Squid Game.
Em suma, tal e qual a caixa de pandora, que após aberta não se pode fechar, a revolução da informação já está espalhada, e não retrocederá. Assim, é improvável, senão impossível, que vejamos um retrocedimento nesta corrida ao ouro, que se transformou a procura por novos conteúdos. Por isso, é provável que se encontrem pepitas pelo caminho!