A Via Algarviana comemora 15 anos no próximo mês de maio. A data é assinalada com o lançamento oficial de quatro novos percursos pedestres: três pequenas rotas, nos concelhos de Albufeira, Loulé e Silves, e uma ligação à GR13, também no concelho de Silves.
Estes 15 anos serão comemorados, como não podia deixar de ser, a caminhar: a 28 de abril, será feito um percurso inaugural em uma das novas pequenas rotas, a PR15 LLE – Entre o Barrocal e a Serra, que começa e termina na aldeia de Alte.
Esta caminhada faz parte do programa da Semana das Artes e Culturas de Alte. A 12 de maio tem lugar a caminhada na PR5 ABF – Entre Aldeias, em Paderne (Albufeira). Em datas a anunciar brevemente nas redes sociais da Via Algarviana, irão decorrer caminhadas inaugurais nos outros dois percursos.
Quatro percursos, quatro olhares sobre a paisagem natural e humana do interior do Algarve
Estes novos percursos têm em comum o facto de estarem incluídos no território do aspirante a Geoparque Algarvensis. Ao percorrê-los, é possível perceber a forma como a geologia particular da região determinou tanto a paisagem natural (os relevos, formações rochosas, cursos de água, fauna e flora), como o tipo de ocupação e de atividade humana, ao longo de milénios – da agricultura à arte, da arquitetura às tecnologias tradicionais.
A PR15 LLE – Entre o Barrocal e a Serra é uma imersão na diversidade de paisagens da freguesia de Alte (concelho de Loulé), ora acompanhando os calcários do barrocal, ora os xistos e grauvaques da serra. É o mais extenso dos quatro novos percursos, com 17,60 km, mas é possível dividi-lo em duas partes, que podem ser feitas separadamente.
A PR5 ABF – Entre Aldeias é uma pequena rota de 7 km, em pleno Barrocal, que parte de Paderne (concelho de Albufeira) e passa por várzeas férteis, trilhos rodeados de belíssimas árvores e aldeias com a arquitetura tradicional do Algarve.
A PR2 SLV – Nos Passos do Património, de 16,30 km, permite descobrir o valioso património megalítico da zona de Vale Fuzeiros (concelho de Silves), numa paisagem marcada pela cor intensa do grés de Silves.
A Ligação 12, um percurso linear de 7,30 km, começa muito perto da barragem do Funcho (no concelho de Silves) e permite aos caminhantes e ciclistas dividir em duas partes o setor 9 da Via Algarviana, fazendo um pequeno desvio que os leva até Vale Fuzeiros. Pelo caminho, as vistas panorâmicas deixam ver o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI) e a albufeira da barragem do Arade.
Os novos percursos foram instalados no âmbito do projeto “Via Algarviana – Pelos Caminhos do Património”, promovido pela Associação Almargem, com co-financiamento do PDR 2020 – Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 e do Portugal 2020.
Via Algarviana: 15 anos a mostrar ao mundo um outro Algarve
A Via Algarviana, inaugurada a 29 de maio de 2009, foi a concretização de uma ideia longamente pensada por um grupo de entusiastas das caminhadas e da natureza do Algarve: a de criar uma grande rota pedestre que atravessasse todo o interior algarvio – um projeto visionário, que veio abrir caminho ao ecoturismo nesta região.
Os seus principais objetivos, então como agora, são diversificar a oferta turística, para atenuar a sazonalidade; valorizar o património cultural e ambiental da região, com especial enfoque nos territórios de baixa densidade; estimular a economia local; e promover o desenvolvimento sustentado do interior do Algarve.
A Via Algarviana cresceu e diversificou-se: hoje, além da grande rota (GR13), há uma vasta rede de percursos complementares que incluem pequenas rotas, rotas temáticas e percursos áudio guiados, além de uma série de ligações que permitem aceder mais facilmente ao traçado da grande rota a partir de vários pontos do Algarve.
Estes percursos respondem às necessidades de diferentes públicos: pessoas com maior ou menor capacidade física, mais ou menos tempo disponível, com interesses particulares por temas que vão da observação de aves, à geologia, à flora, à história e ao património local. Em 2023, a Via Algarviana deu os primeiros passos no turismo acessível, com um percurso áudio guiado adaptado para cegos e amblíopes e a disponibilização gratuita, a pedido, de uma cadeira todo-o-terreno monorroda para turismo inclusivo.
Anabela Santos, coordenadora da Via Algarviana, faz um balanço: “São 15 anos de que nos orgulhamos. Cada vez mais, o interior do Algarve é um destino procurado por visitantes portugueses e internacionais que dão valor ao que esta região tem para oferecer: as paisagens, a flora única, o contacto com a população e a cultura local. Para além de todas as questões económicas, que são importantes, há uma dimensão humana no ecoturismo que tem um valor imenso, tanto para quem visita, como para quem recebe.”
A gestão da Via Algarviana é feita pela Associação Almargem em parceria com os municípios por onde passam os percursos (Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Lagos, Loulé, Monchique, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira e Vila do Bispo).
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