Com a chegada do verão, multiplicam-se as imagens de praias cheias de chapéus de sol, toalhas estendidas e filas para comprar gelados. Mas há um pequeno intervalo diário em que o cenário muda por completo. Um intervalo onde o silêncio domina, as gaivotas fazem-se ouvir e o areal parece esquecido. Um vazio que não se explica por falta de beleza ou infraestruturas. Apenas pela ausência temporária de transporte.
É o que acontece entre as 10 h e as 12 h na Praia da Ilha do Farol, em Faro. Segundo a Câmara Municipal de Faro, esta praia, situada na Ilha da Culatra e acessível apenas por barco, tem um padrão diário nos meses de julho e agosto que deixa os banhistas curiosos.
Tudo porque um dos ferries que sai de Olhão rumo à ilha com o mesmo nome chega às 10 h e o seguinte apenas atraca por volta das 12 h. Este intervalo de duas horas cria um raro fenómeno de tranquilidade num dos destinos mais procurados do Algarve.
Uma pausa ‘inesperada’ na rotina balnear
De acordo com a mesma fonte, a viagem de barco, com uma duração de cerca de 30 minutos, parte do cais em frente à Porta Nova, junto às muralhas da cidade de Faro, e também de Olhão. Durante esse percurso é possível observar a fauna da Ria Formosa, onde se destacam peixes, moluscos e crustáceos.
Se chegar logo de manhã à Praia da Ilha do Farol, o cenário será um areal extenso praticamente deserto, mesmo nos meses de maior afluência turística.
Três quilómetros de areia e silêncio
A Praia da Ilha do Farol estende-se por cerca de três quilómetros. Conforme refere o portal Faro Portugal Tourism, a maioria dos visitantes permanece na zona junto ao emblemático Farol do Cabo de Santa Maria, construído em 1851. Essa é a área concessionada, onde há colmos, espreguiçadeiras e nadadores-salvadores.
Segundo a mesma fonte, a água é limpa e calma no verão, a areia é branca e macia e a praia exibe a Bandeira Azul, o que garante padrões elevados de qualidade e segurança.
‘Paraíso’ entre marés e barcos
O ‘segredo’ da praia não está no que oferece, mas no que temporariamente lhe falta. Entre as 10 h e as 12 h, não há novos banhistas a chegar, a não ser aqueles que possuem embarcação própria.
Recomendamos: Este é um dos primeiros parques aquáticos do Algarve e há novidades após 30 anos encerrado
Aqueles que vieram no barco anterior já caminharam para outras zonas, ou ainda se encontram do lado da povoação, onde se localizam vários restaurantes, bares de praia e serviços de aluguer de sombras e apoio náutico, de acordo com a Câmara Municipal de Faro.
Esta pausa transforma a praia num espaço de contemplação, longe da azáfama habitual. Para quem gosta de silêncio, é uma oportunidade invulgar.
Caminhar para o ‘vazio’
A travessia da povoação com casas brancas, azuis e amarelas, algumas ainda habitadas por pescadores, conduz os visitantes até à praia.
A maioria instala-se perto do farol. Mas quem opta por caminhar para leste, como explica o site Faro Portugal Tourism, encontra áreas praticamente desertas. É precisamente nestas zonas que o impacto da ausência de transporte se sente com mais intensidade.
Este é um caso raro em que a logística de acesso determina o ambiente. O fluxo condicionado de passageiros cria um ciclo de enchente e esvaziamento que não depende da meteorologia, mas do relógio.
Praia que representa uma exceção na época alta
É essa combinação de fatores que faz da Ilha do Farol uma exceção. Mesmo na alta estação, entre as 10 h e as 12 h, o mar murmura sozinho, sem o ruído dos veraneantes. É um intervalo que pode durar pouco, mas que oferece uma experiência diferente aos banhistas que se aventuram a conhecer esta praia.
Leia também: São 6 km de areal: esta praia no Algarve já foi a “melhor do mundo” e destaca-se pelo contraste de cores da paisagem
















