A possível extinção dos bancos de berbigão na Ria Formosa, associada a práticas de recolha fora das regras legais, está no centro de uma denúncia recente que colocou o setor da pesca e da restauração em alerta. De acordo com o jornal Expresso, o chef Leonel Pereira tornou público o seu receio de que este recurso natural esteja a desaparecer de forma acelerada, após anos de pressão humana contínua.
O cozinheiro decidiu avançar com este alerta após assistir a uma degradação visível do ecossistema. “O berbigão desapareceu todo”, afirmou, chamando a atenção para mudanças que, segundo diz, se tornaram impossíveis de ignorar. Escreve o jornal que o chef associa este cenário a capturas frequentes feitas sem licenças e a ausência de fiscalização eficaz.
Pressão humana e alertas repetidos
Acrescenta a publicação que Leonel Pereira tem vindo a sublinhar a forma como a extração desregulada está a atingir várias espécies. “Não existe um mexilhão na Ria Formosa”, declarou, mencionando ainda o impacto no lingueirão e na amêijoa boa, cuja escassez tem tido reflexos no mercado. Refere a mesma fonte que o cozinheiro teme que outras espécies sigam o mesmo caminho caso nada seja feito.
Explica o site que também a ostricultura em grande escala suscita interrogações, com alguns profissionais a recear que possa influenciar a disponibilidade de alimento essencial a outras espécies. O chef alerta para a necessidade de estudos que permitam avaliar a relação entre estas práticas e o estado atual do berbigão, destacando que “ainda não há dados concretos”.
Falta de fiscalização
O jornal nota também que a dimensão da Ria Formosa dificulta qualquer tentativa de controlo permanente. A mesma fonte lembra que os meios de fiscalização são reduzidos e que quem opera de forma irregular conhece bem a zona.
“É muito grande e vigiar toda esta área é muito difícil”, afirmou o chef, acrescentando que “a polícia não consegue controlar tudo”.
Reações, soluções e um apelo ao setor
Leonel Pereira defende um reforço de controlo e a criação de mecanismos que obriguem os mariscadores a cumprir regras básicas da atividade. O cozinheiro insiste igualmente na necessidade de todos os intervenientes rejeitarem produtos sem documentação legal: “Quando vem alguém perguntar se quero comprar amêijoas, berbigão ou lingueirão sem fatura, eu não compro. Digo não, obrigado”.
Como forma de protesto e para chamar a atenção para o problema, o chef decidiu retirar o berbigão dos menus do seu restaurante em Faro. Conforme o Expresso, esta não é a primeira vez que o cozinheiro toma uma posição semelhante, tendo já desenvolvido iniciativas relacionadas com a preservação de espécies e com o incentivo ao uso de recursos menos pressionados.















