“Para mim, o mais bem posicionado é o Amaro, só falta saber se os seus colegas pensam o mesmo. Se vão correr para ajudá-lo ou para tentar eles ir para a frente do Amaro. Mas, para mim, sem dúvida nenhuma, aquele que está mais bem colocado para ganhar a Volta é o Amaro, porque faz bons ‘cronos’, está a subir muito bem. O [Frederico] Figueiredo tem o problema do ‘crono’ e não estou a vê-lo conseguir fazer descolar o Amaro em algum sítio”, previu.
Antunes e Figueiredo estão no pódio da Volta a Portugal, que hoje regressa a estrada, após um dia de descanso, e que é liderada pelo velho amigo de Blanco, Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), com cinco segundos de vantagem para o campeão em título e 25 para o terceiro classificado da passada edição.
Em entrevista à Lusa, o recordista de vitórias na prova rainha do calendário nacional (2006, 2008, 2009, 2010 e 2012) evidenciou que na quarta etapa, que acabou no domingo na Guarda, “a corrida foi completamente descontrolada”.
“Era impossível controlar aquilo. Não é um erro, mas o facto de o Tavira pôr-se a controlar potencia que as outras duas equipas ataquem. Se o Tavira controla, a Efapel e o W52 vão atacar e vão-se unir, para ver se ‘rebentam’ o Tavira”, sustentou.
Para o galego de 46 anos, “nenhuma equipa seria capaz de controlar a corrida quando seis tipos que andam muitíssimo arrancam ao mesmo tempo”, numa menção à fuga da quarta etapa, que integrou os ‘portistas’ Ricardo Mestre, Daniel Mestre e Ricardo Vilela, e Rafael Reis e Javier Moreno, da Efapel.
“Não há forma de o fazerem. Mas, se o Tavira não pegar na corrida, e os outros tiverem de anular-se uns aos outros, talvez a situação se altere”, completou.
Suspeito com conhecimento de causa, Blanco esquivou-se a um prognóstico sobre a possibilidade de aquele que é um dos seus melhores amigos, e que tanto incentivou em 2013, quando este venceu a prova, continuar de amarelo até Viseu.
“O que disse antes, pode responder a isto: não vejo que seja possível controlar a corrida se as duas equipas mais fortes se unem para a atacar. É indiferente que tenhas uma equipa equivalente ao FC Porto ou à Efapel. Não é possível controlar isso”, argumentou, notando que os sete elementos destas formações “andam muito”.
O único pentacampeão da Volta admitiu, ainda assim, e após alguma hesitação, que “se tudo ficasse como estava na Torre, apostava no Gustavo [Veloso] e no Marque”, que, após a terceira etapa, eram segundo e primeiro da geral.
Mas Veloso caiu no quilómetro zero da etapa de domingo, hipotecou o sonho de ganhar a terceira Volta no seu ano de despedida e Marque ‘salvou’ a amarela por meros cinco segundos, porque a Efapel decidiu perseguir o seu próprio ciclista para evitar que Antunes chegasse à liderança da geral.
“Agora, está difícil. Não é impossível, mas está difícil. O rival viu sangue e aproveitou-se da ferida. Assim como houve uma reviravolta na Guarda, pode acontecer noutro dia. Não há nenhuma etapa fácil. Também não estou a ver nenhuma equipa a atacar da mesma forma que atacou antes do dia de descanso, sabendo que depois têm Montalegre [Larouco] e a Senhora da Graça. Não é igual, não te podes imolar assim”, considerou.
Após quatro etapas de marcação de homem a homem entre ‘dragões’ e Efapel, Blanco defendeu que será “complicado que este nível de agressividade continue durante muito mais tempo”.
“Essa agressividade de arrancar de três em três será complicada manter. Agora, o Amaro está na frente, mas os outros que podem ganhar a Volta não se vão imolar numa etapa como a de Viana ou tentar arrancar logo no início da etapa de Montalegre”, concluiu.
A 82.ª Volta a Portugal, que começou em 04 de agosto com um prólogo em Lisboa, termina no domingo, com um contrarrelógio em Viseu.